Dados do Trabalho
Título
O papel do desmatamento e da fragmentação na dispersão do vírus da febre amarela no estado de São Paulo
Introdução
Florestas tropicais além de abrigar a maior parte da biodiversidade mundial, são também responsáveis pela provisão dos serviços ecossistêmicos, fundamentais para a sobrevivência e bem estar da espécie humana. Neste sentido, o intenso processo de desmatamento coloca em cheque a nossa própria sobrevivência. Cenário evidenciado pelo aumento de incidências de epidemias de origem zoonóticas ao longo das últimas décadas. No caso específico da febre amarela (FA) silvestre, já se demonstrou que um aumento no risco de transmissão do seu agente causador (vírus da febre amarela - VFA) esta associado a áreas com elevada fragmentação florestal que, por sua vez, podem facilitar a dispersão do mesmo na paisagem.
Objetivo(s)
O presente trabalho tem como objetivo principal entender como a estrutura da paisagem afetou a dispersão do vírus da febre amarela no estado de São Paulo (2016 – 2020), usando uma abordagem de análise de redes de interação.
Material e Métodos
Neste estudo, testamos a hipótese de que áreas que apresentam paisagens mais fragmentadas, com maior densidade de borda (DB), porém, alto grau de conectividade entre os fragmentos favorecem a disseminação do VFA para outras áreas. Para isso, foi utilizada uma abordagem de redes de interações, empregando dados de epizootias de FA em primatas não humanos ocorridas no estado de São Paulo, visando identificar municípios com maior potencial para disseminação (hubs) do VFA, e comparar suas métricas de paisagem com aqueles de menor potencial (não-hubs). Comparações foram obtidas a partir de municípios com ocorrências de epizootias e municípios vizinhos sem registro de epizootias. Testes estatísticos foram aplicados para comparar os grupos de acordo com as diferentes métricas da paisagem mensuradas e foram construídos modelos estatísticos para verificar as variáveis de melhor ajuste e gerar predições.
Resultados e Conclusão
Os municípios considerados hubs apresentaram maior DB/hectare, que os não-hubs, nos municípios com registros de epizootias quando comparados àqueles sem registro. Dentre os modelos testados, aqueles de maior suporte empírico e força de evidência, exibiram uma forte associação entre DB e o risco de ocorrência, além da necessidade de um limiar mínimo de cobertura vegetal. O modelo de melhor ajuste, também incorporou a proporção ocupada pelo maior fragmento florestal exibido na paisagem. Corroborando dessa forma, nossa hipótese de que paisagens mais fragmentadas, favorecem a dispersão do VFA.
Palavras-chave
Febre amarela silvestre, densidade de borda, métricas de paisagens
Área
Eixo 01 | Ambiente e saúde
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Ramon Wilk-da-Silva, Paula Ribeiro Prist, Antonio Ralph Medeiros-Sousa, Gabriel Zorello Laporta, Luis Filipe Mucci, Mauro Toledo Marrelli