57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Transgeracionalidade de casos novos em núcleo familiar de um território endêmico do Município de Fortaleza, Ceará.

Objetivos(s)

Caracterizar transgeracionalidade de casos novos de hanseniase em núcleo familiar em um território endêmico de Fortaleza.

Relato do Caso

O longo período de incubação da hanseníase, associado à convivência com casos ativos da doença, especialmente entre multibacilares, e a influência genética potencializam o risco de adoecimento. Ações de detecção precoce, investigação dos contatos, imunoprofilaxia são ferramentas adicionais para interrupção da transmissão da hanseníase no território.
Este trabalho apresenta um estudo de caso acerca da transgeracionalidade de casos novos (CN) em uma família de território endêmico no contexto do Programa PEP ++, um ensaio clínico multicêntrico que objetiva a interrupção da transmissão do M. Leprae. Durante abordagem a um CN notou-se que 2 irmãos residentes no mesmo domicílio também foram diagnosticados em 2015, sendo relatado diagnostico prévio do pai e avô. Os dados foram coletados através de prontuário e entrevista durante os meses de junho e julho de 2022. Foram considerados todos os princípios éticos da pesquisa com humanos (N° CAAE: 24000819.7.0000.5051).
No núcleo familiar foram reportados cinco casos de hanseníase, residentes no mesmo domicílio durante todo curso da vida, do gênero masculino e multibacilares, sendo: um na primeira geração(avô), um na segunda geração(pai) com a forma clínica com virchowiana e três na terceira geração (filhos) com as formas (1) virchowiana e (2) dimorfos, baciloscopia positiva, (1) grau de incapacidade (GI) zero no diagnóstico e 2 não foram avaliados , todos com reação hansênica (RR) tipo II. A terceira geração possui notificação na infância (2006), adolescência (2015, 2016) e adulta (2022). Em 2015, todos os filhos recidivaram com forma clínica virchowiana, baciloscopia positiva, 2 com RR tipo II, 1 dos filhos evoluiu para GI 1 e 2 não avaliados. 2 concluíram o tratamento e 1 abandonou com posterior reinicio e conclusão do tratamento (2016). O avô e pai desenvolveram incapacidades e faleceram por outras causas. Em 2022, avaliou-se os filhos, resultando em um encaminhamento por novas lesões com alteração de sensibilidade, apontando para recidiva da doença e investigação para resistência terapêutica.

Conclusão

Nota-se a recorrência de casos no contexto familiar, provavelmente associado à susceptibilidade ao M. leprae reforçando a hipótese de predisposição genética associada à hanseníase Á sua vez, a sobreposição de casos aponta à endemicidade de áreas que devem ser consideradas prioritárias pela vigilância.

Área

Eixo 13 | Tuberculose e outras micobactérias

Autores

Esther Costa Veras, João Victor Teixeira de Castro, Anna Raquel Cosme Maia, Saynara de Sousa Evaristo, Nathália Maria Lima De Sousa, Lucía Belén Pérez, Nagila Nathaly Lima Ferreira, Aymée Medeiros da Rocha, Juliana Maria Cavalcante Ribeiro Ramos, Fernanda Aguiar Kucharski, José Alexandre Menezes da Silva