Dados do Trabalho

Título

Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica no Estado de São Paulo, 2020-2021.

Introdução

Após a infecção por covid-19, algumas crianças e adolescentes podem desenvolver uma síndrome inflamatória multissistêmica, que é uma condição grave caracterizada pela inflamação de múltiplos órgãos. Entender a epidemiologia e o desenvolvimento clínico da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) é de grande relevância devido as implicações em saúde pública.

Objetivo(s)

Descrever retrospectivamente os casos notificados e confirmados de SIM-P no estado de São Paulo, no período de 13/04/2020 a 18/08/2021.

Material e Métodos

Foi utilizada a base de notificação SIM-P (RedCap/MS) do estado de São Paulo e filtrado todos os casos que atendiam o critério de diagnóstico, tais como: criança e adolescentes de 0 a 19 anos, presença de febre elevada persistente (≥3 dias), evidência laboratorial de inflamação, presença de pelo menos dois sintomas clínicos característicos, evidência de covid-19 e afastadas quaisquer outras causas de origem infecciosa. Na sequência, foi realizada uma análise descritiva do perfil dos pacientes, como as características sociodemográficas, clínicas, complicações mais frequentes, internação e desfecho.

Resultados e Conclusão

Um total de 326 pacientes pediátricos foram notificados com SIM-P. Desses pacientes 92 (28.2%) tiveram confirmação de diagnóstico por covid por RT-PCR, 98 (30.1%) por critério clínico-epidemiológico, 111 (34.0%) por sorologia, 24 (7.4%) por teste rápido e um (0.3%) não continha essa informação. Um total de 191 (58.6%) pacientes eram do sexo masculino, 183 (56.1 %) brancos, 114 (34%) pretos e pardos, um (0.3%) amarelo e 28 (8.6%) não tinham essa informação. A média e mediana de idade dos casos foi de 6.6 e 6 anos. Em relação aos casos, 51 (15.6%) apresentavam histórico de morbidades prévias, com predomínio para pneumopatia, doença neurológica, cardiopatia, doença hematológica, doença oncológica, síndrome genética e imunossuprimido. 223 (68.4%) dos pacientes precisaram de internação em UTI e o tempo médio de internação foi de 10.5 dias. 25 (7.7%) vieram a óbito, 229 (70.2%) tiveram alta e 72 (22.1%) com desfecho em aberto. Dentre os casos com evolução de alta 18 (7.8%) desenvolveram sequelas, sendo elas: comprometimento cardíaco, neurológico, motora, vascular e pulmonar. A abordagem descritiva dos casos de SIM-P possibilitou uma melhor compreensão das características clínica-epidemiológicas e laboratoriais dessa afecção e pode servir de referência para o desenvolvimento de políticas públicas de vigilância em saúde.

Palavras-chave

SIM-P, Covid-19, Vigilância em Saúde