57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Impacto do tratamento com bloqueadores dos receptores da angiotensina II e inibidores da enzima conversora de angiotensina no desfecho da COVID-19 experimental

Introdução

O SARS-CoV-2 é um vírus pertencente à família Coronaviridae, responsável pela pandemia de COVID-19. A principal entrada do vírus na célula é realizada pela enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), importante para a manutenção da pressão arterial. Medicamentos como bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA) e inibidores da ECA (iECA) podem modular a expressão da ECA2 e influenciar o resultado da infecção viral.

Objetivo(s)

Avaliar o efeito de bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA) e inibidores da ECA (iECA) na COVID-19 experimental.

Material e Métodos

22 camundongos K18 hACE2 foram distribuídos em 3 grupos: animais infectados com 105 PFU da cepa Wuhan (n=4), animais tratados com Lisinopril (iECA) (n= 6), Losartan (BRA) (n=6) ou ambos (n=6) por 21 dias consecutivos antes da infecção e sete dias após a infecção, sem interrupção do tratamento e, grupo controle sem tratamento e infecção (n=4). Foram analisados os achados histológicos (HE), carga viral por qRT-PCR e quantificação de ECA2 por Western blot e ELISA. Foram estabelecidos 3 time points: 3,5 e 6/7 dias pós infecção (dpi) onde foram coletados dados qualitativos (manifestações clínicas) e pulmão para processamento.

Resultados e Conclusão

Os animais infectados, independente de tratamento, apresentaram perda de peso, letargia (3dpi), piloereção (3dpi) e dificuldade para respirar (5dpi). A análise histopatológica pulmonar mostrou gradual aumento dependente do dia de infecção, sendo mais intenso nos últimos dias, de achados como infiltrado inflamatório, hemorragia, enfisema alveolar, fibrina e, em alguns casos, edema. Não foram observadas diferenças entre os grupos tratados com BRA e/ou iECA em todos time points estabelecidos, assim como a carga viral. A quantificação de ECA2 por ELISA e Western blot apresentaram resultados concordantes, onde os grupos tratados e infectado demonstraram perfis semelhantes no pulmão dos animais, com redução da ECA2 pós infecção, em todo time point analisado. Conclusão: O modelo K18 hACE2 reproduz a doença observada em humanos com manifestações histopatológicas pulmonares compatíveis com síndrome respiratória aguda grave, com lesões pulmonares graves e desconforto respiratório. Os grupos que receberam tratamento apresentaram padrões respiratórios semelhantes aos do grupo apenas infectado, assim como a carga viral e quantificação de ECA2.

Palavras-chave

COVID-19, ECA2, SARS-CoV-2, camundongos hACE2

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

YASMIN SILVA SANTOS, MARCELA S P Azevedo, THAIS GAMON, MONICA BIELAVSKY, CLAUDIO ROMERO FARIAS MARINHO, EDISON L DURIGON, LEONARDO JOSÉ MOURA CARVALHO, SABRINA EPIPHANIO