57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Efeito de uma mudança no esquema de tratamento sobre os desfechos de óbito, cura e abandono, em pacientes com tuberculose.

Introdução

No final de 2009, em função do aumento da resistência primária à isoniazida o Ministério da Saúde do Brasil promoveu mudanças no esquema de tratamento para a tuberculose (TB) em adolescentes e adultos. As mudanças incluíram a adição do Etambutol como quarto fármaco na fase intensiva de tratamento (dois primeiros meses) e a apresentação de comprimidos em doses fixas combinadas dos 4 fármacos. A introdução das doses fixas combinadas acarretaram também mudanças na posologia da isoniazida e pirazinamida nas fases intensiva e de manutenção.

Objetivo(s)

Estimar o efeito da mudança do esquema de tratamento da TB sobre a mortalidade por todas as causas. Como objetivo secundário, avaliar a associação entre o esquema mencionado e desfechos tais como mortalidade por causa específica de TB, cura e abandono.

Material e Métodos

Compararam-se as coortes de pessoas com diagnóstico de TB, com idade maior ou igual a dez anos, que iniciaram tratamento no Brasil, antes e depois da mudança do esquema adotada em 2009 (n: 145528 vs 161264).
Os dados foram extraídos dos sistemas de informação de Agravos de Notificação (Sinan) e de mortalidade (SIM). Os dados faltantes foram imputados e a estimação do efeitos foi realizada em modelos logísticos multinível de efeitos mixtos, tendo a Unidade Federativa como cluster de agregação. A seleção de covariáveis foi orientada por um gráfico acíclico direcionado.

Resultados e Conclusão

O esquema atual (modificado) não esteve associado a mudanças significativas na mortalidade por todas as causas (OR: 1.01; IC95%: 0.98 – 1.04), nem mortalidade por tuberculose (OR: 0.98; IC95%: 0.95 - 1.02).
Em relação à cura, quando as perdas foram consideradas como ausência da mesma, não houve diferenças entre os tratamentos. Quando foram consideradas como cura ou imputadas, esse desfecho foi menos frequente no tratamento atual. Quando as transferências ou perdas (na ficha do Sinan) foram imputadas ou consideradas ausência de abandono, o abandono foi mais frequente no tratamento atual. Quando essas perdas foram interpretadas como abandono, não houve diferenças entre tratamentos.
Conclusão: A implementação do esquema modificado de tratamento não esteve associado a um aumento da mortalidade em pacientes com tuberculose. Embora houve menor registro de cura e maior de abandono, a análise de sensibilidade indica que essas associações teriam como potencial explicação a redução das transferências e dos desfechos desconhecidos durante o segundo período.

Palavras-chave

Tuberculose. Tratamento. Mortalidade. Cura. Abandono. Inferência Causal.

Área

Eixo 13 | Tuberculose e outras micobactérias

Autores

Fredi Alexander Diaz-Quijano, Patricia Bartholomay, Rejane Sobrino Pinheiro, Fernanda Dockhorn Costa, Kleydson Bonfim Andrade, Daniele Maria Pelissari, Denise Arakaki