57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Caracterização Físico-Química in Silico das Proteínas de Fusão de Arbovírus Emergentes na Amazônia

Introdução

Os vírus Mayaro (MAYV), Saint Louis (SLEV) e Oropouche (OROV) constituem membros negligenciados das três principais famílias de arbovírus de relevância médica e circulam na região amazônica como agentes etiológicos de surtos de enfermidades febris em seres humanos. Na qualidade de vírus envelopados, MAYV, SLEV e OROV dependem amplamente de suas proteínas de fusão – denominadas E1, E e Gc, respectivamente – para entrada na célula hospedeira, mas muitos aspectos da biologia estrutural dessas proteínas permanecem ainda obscuros.

Objetivo(s)

Caracterizar físico-quimicamente in silico as proteínas de fusão do MAYV, SLEV e OROV.

Material e Métodos

As sequências aminoacídicas completas das proteínas de fusão E1 do MAYV, E do SLEV e Gc do OROV foram obtidas do banco de dados GenBank em formato FASTA e submetidas às plataformas PEPSTATS, PREDATOR, PROSCAN e PCPROF para determinação das propriedades residuais, predição do conteúdo de estruturas secundárias, identificação da propensão a modificações pós-traducionais e análise dos parâmetros de hidrofilicidade, flexibilidade, acessibilidade e antigenicidade, respectivamente.

Resultados e Conclusão

Quanto às propriedades residuais, as proteínas E1 do MAYV e E do SLEV apresentaram predominância do perfil apolar (56% e 55% dos aminoácidos, respectivamente), ao passo que a proteína Gc do OROV apresentou predominância do perfil polar (52% dos aminoácidos). Com relação ao conteúdo de estrutura secundária, as proteínas E1 do MAYV e E do SLEV mostraram menos alfa-hélices (16,51% e 15,17%, respectivamente) do que folhas-beta (21,79% e 25,15%, respectivamente), enquanto o contrário foi observado na proteína Gc do OROV (20,39% de alfa-hélices e 12,14% de folhas-beta). No que diz respeito às modificações pós-traducionais, as proteínas E1 do MAYV, E do SLEV e Gc do OROV apresentaram maior propensão a fosforilação por proteína-cinase C, N-miristoilação e fosforilação por caseína-cinase II, respectivamente. Por fim, a interação entre os parâmetros de hidrofilicidade, flexibilidade e acessibilidade resultou em maior potencial de antigenicidade na metade N-terminal do que na metade C-terminal dessas três proteínas. As proteínas E1 do MAYV e E do SLEV compartilham mais características físico-químicas entre si do que com a proteína Gc do OROV, embora todas sejam agrupadas sob a mesma classe de proteínas virais de fusão.

Palavras-chave

Arbovírus; Biologia Computacional; Doenças Transmissíveis Emergentes; Físico-Química; Proteínas Virais de Fusão.

Área

Eixo 08 | Arboviroses

Autores

Crislaine Seabra Leal, Carlos Alberto Marques de Carvalho