57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Epidemiologia e caracterização genotípica de isolados de T. gondii em um município da Amazônia brasileira após ocorrência de surto

Introdução

Em 2013, em Ponta de Pedras, foi registrado surto de toxoplasmose com mais de 90 casos. Posteriormente foi iniciado estudo epidemiológico no município.

Objetivo(s)

Foi realizado estudo para traçar o perfil da infecção pelo T. gondii, isolar o parasito, identificar genótipos e definir estratégias para vigilância da toxoplasmose.

Material e Métodos

Foi realizada busca ativa em residências, propriedades e UBS na área urbana e rural, incluindo comunidades ribeirinhas. Amostras de soro humano foram submetidas ao ELISA indireto. Para aves (galinhas caipiras) e cães foi utilizada imunofluorescência indireta. De algumas aves soropositivas, cérebro e coração foram submetidos à digestão péptica para isolamento do parasito em camundongos. Amostras do bioensaio foram submetidas à genotipagem (nested-PCR-RFLP). Variáveis epidemiológicas foram analisadas pela regressão logística (Stepwise forward).

Resultados e Conclusão

O estudo incluiu 1140 indivíduos, 1 a 89 anos, 70,6% (804/1140) positivos para IgG. Na área rural, a prevalência foi 62,6% (420/671) e na área urbana 81,9%(384/469). O risco de se infectar na área urbana foi 2,7 vezes maior que na área rural. Na idade de 1 a 10 anos, a prevalência foi de 28,6% na área rural e 69,4% na urbana. A regressão logística revelou associação entre positividade e idade na área urbana (p=0,002, OR=2,1) e rural (p<0.0001, OR=6.2) e, na área rural, foi associado contato com gato (p=0,002, OR=2,1). A positividade nos cães foi 62,1% (234/377), com maior prevalência entre os animais da área urbana (72,2%, 140/194); houve associação com habitar área urbana (p<0,0001, OR=2,4) e idade >1 ano (p<0,0001, OR=2,9). Nas aves a prevalência foi 74,2% (49/66), sendo 72,6% na área rural (45/62) e 100% (4/4) na urbana. Obteve-se 13 isolados de T. gondii, com 11 genótipos distintos, reafirmando a diversidade genética do parasito. Revelou-se maior transmissão da infecção na área urbana, circulação de cepas recombinantes e a necessidade de implementar estratégias para controle da toxoplasmose, principalmente, do crescimento urbano ordenado, tratamento de água, estrutura sanitária e de animais errantes. Os resultados dos cães e aves demonstraram que estudos com animais sentinelas podem ser importante ferramenta para identificar a contaminação ambiental e inferir a prevalência e os fatores de risco para população humana.

Palavras-chave

Toxoplasma
Prevalência
Genotipagem
Amazônia

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Rafaela dos Anjos Pinheiro Bogoevich Morais, Rodrigo Rodrigues Marinho, Wanda Silva Costa, Danielle S Rocha, George Rego Albuquerque, Ediclei Lima do Carmo, Marinete Marins Póvoa