57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Inflamação crônica hepática induzidas por diferentes cargas parasitárias na primoinfecção experimental por Ascaris suum

Introdução

A ascaridose, infecção causada por nematódeos do gênero Ascaris, está relacionada com questões ambientais, socioeconômicas e sanitárias, de forma que é mais comum nas regiões tropicais e subtropicais, muito povoadas e com condições precárias de saneamento. Atualmente, estima-se que esta parasitose acometa um quarto da população mundial, constituindo, então, um problema de saúde pública. A exposição a este parasito causa lesões que danificam o fígado, mas ainda não se sabe a duração dessas lesões, que podem estar associadas com o aumento da morbidade.

Objetivo(s)

Nesse sentido, objetivou-se investigar a persistência da lesão causada pelo parasito no tecido hepático.

Material e Métodos

Com tal finalidade, camundongos BALB/c fêmeas, com oito semanas de idade, foram infectadas oralmente com diferentes cargas de ovos de Ascaris suum, sendo um grupo com 250 e outro com 1250 ovos. Grupos não infectados foram usados como controle. Após 35 dias, os animais foram eutanasiados para a coleta do sangue, usado para a realização do hemograma, contagem diferencial de leucócitos, e dosagens bioquímicas de Aspartato Aminotransferase (AST) e Alanina Aminotransferase (ALT); e o fígado para avaliação histopatológica e dosagem de N-acetil glucosaminidase de Macrófagos (NAG), Mieloperoxidase de Neutrófilos (MPO) e Peroxidase Eosinofílica (EPO).

Resultados e Conclusão

A partir das análises histopatológicas, verificou-se que o grupo infectado com a dose de 1250 ovos foi o mais afetado (p=0,0002), e em ambos os grupos infectados o parênquima do órgão apresentou pequenos focos inflamatórios, com uma quantidade escassa de células de inflamação. Não houve diferença na dosagem de MPO e NAG entre os grupos, entretanto, houve aumento na atividade de EPO no grupo infectado com 250 ovos em relação aos dois outros grupos (p=0,0074). As análises do hemograma demonstraram que o leucograma não sofreu alterações, mas houve aumento na contagem de eosinófilos no grupo infectado com 1250 ovos se comparado com o não infectado (p=0,0066). Em relação às dosagens bioquímicas, o grupo 1250 apresentou aumento de ALT (p=0,016) em comparação aos demais grupos. Dessa forma, evidenciamos que a lesão hepática causada pela exposição ao parasito é mais grave no grupo infectado com a maior carga de ovos e que mesmo 35 dias após a migração no fígado, os danos causados pela inflamação ainda estão presentes, indicando a importância de compreender a duração dessa lesão e seu impacto para o hospedeiro.

Palavras-chave

Ascaris suum; lesão hepática; inflamação; primoinfecção; eosinófilos.

Área

Eixo 07 | Helmintíases

Autores

Ana Rafaela Antunes Porto, Jorge Lucas Nascimento Souza, Flaviane Vieira Santos, Camila Almeida Lopes, Fernanda Rezende Souza, Evelyn Ane Oliveira, Thaynan Cunha Vieira, Geovanni Dantas Cassali, Ricardo Toshio Fujiwara, Remo Castro Russo, Lilian Lacerda Bueno