Dados do Trabalho

Título

O impacto da infecção por Ascaris suum associada as metástases do câncer de mama na fisiopatologia hepática

Introdução

O câncer de mama é a neoplasia maligna com maior incidência entre as mulheres após o câncer de pele não-melanoma e causa metástase hepática. A ascaridose é uma parasitose que acomete 450 milhões de pessoas no mundo e está associada, principalmente, a populações vulneráveis socioeconomicamente, e, na fase aguda, há inflamação do fígado. Ambas as doenças são problemas de saúde pública e estudos têm demonstrado que as helmintíases impactam no desenvolvimento do câncer de mama.

Objetivo(s)

Nesse sentido, objetivou-se avaliar o efeito da infecção por Ascaris suum em modelo com metástases decorrentes do câncer de mama na fisiopatologia hepática.

Material e Métodos

Para isso, camundongos BALB/c fêmeas com seis semanas de idade foram infectados oralmente com 250 ovos de A. suum e, 14 dias após, reinfectados com a mesma dose. Passados mais 14 dias, foi feita a inoculação de 1x106 células da linhagem 4T1 subcutaneamente no flanco esquerdo. Após 21 dias da inoculação, ocorreu a eutanásia para coleta de sangue e do fígado. O sangue foi utilizado para dosagens de Aspartato Aminotransferase (AST) e Alanina Aminotransferase (ALT). O fígado foi utilizado para análise histopatológica e quantificação da atividade de N-acetil Glicosaminidase de Macrófagos (NAG), Mieloperoxidase de Neutrófilos (MPO) e da Peroxidase de Eosinófilos (EPO).

Resultados e Conclusão

As análises histopatológicas demonstraram maior comprometimento hepático nos animais infectados e com câncer (p=0,0002) se comparados ao grupo não infectado e sem câncer. O fígado desses animais apresentou metástases multifocais e predominância de infiltrado inflamatório de células polimorfonucleares, focos inflamatórios com moderadas células no parênquima hepático, infiltrado perivascular e em torno dos ductos, quando comparado aos animais somente com câncer, que apresentaram pequenos focos de inflamação e poucas células inflamatórias no parênquima. Os animais também apresentaram aumento nos níveis séricos de AST (p=0,0003) e os valores de NAG, EPO e MPO mostraram aumento significativo (p=0,0005; p=0,0003; p=0,0001, respectivamente) no grupo com exposição ao parasito e câncer em relação ao grupo não infectado e sem câncer. Em suma, nossos dados evidenciam que a exposição prévia ao A. suum favorece o desenvolvimento de metástases hepáticas decorrentes do câncer de mama e agrava as lesões decorrentes da inflamação, sendo um importante fator de risco para a população, e contribuindo para um pior prognóstico.

Palavras-chave

Câncer de mama; Ascaris suum; metástase hepática; patologia; inflamação.