Dados do Trabalho

Título

INVESTIGAÇÃO DE SARS CoV-2 EM PRIMATAS NÃO HUMANOS (PNHs) CATIVOS EM UM BIOTÉRIO DE CRIAÇÃO NO ESTADO DO PARÁ, AMAZÔNIA, BRASIL

Introdução

Não existem muitos estudos que analisem o potencial de transmissão ou patogenicidade do SARS CoV-2 entre humanos e os PNHs. Apesar disso, com o surgimento deste novo coronavírus, esse fato, pode representar um risco significativo à saúde desses animais, quando em contato com o homem. Pensa-se que a estreita relação evolutiva entre humanos e os PNHs sustentam a transmissão de patógenos e muitos vírus que circulam entre eles, como já descritos, e para impedir um potencial via de transmissão de diferentes vírus, são necessárias precauções e regulamentos. Pelo exposto, fez-se necessário conhecer e compreender a saúde das populações de primatas criados em cativeiro.

Objetivo(s)

Realizar investigação por técnica molecular de RT-qPCR na identificação de infecção por SARS CoV-2 em PNHs de cativeiro, durante a pandemia de COVID-19.

Material e Métodos

O projeto foi aprovado pela CEUA/IEC (nº 18/2021), e autorizado pelo ICMBio para atividades com finalidade científica (nº 75667-1). Sessenta e nove indivíduos, dentre 23 espécies de PNHs, sendo 22 neotropicais e 01 do velho mundo, foram investigados para infecção por SARS CoV-2, na triagem, foram priorizados animais adultos, machos e fêmeas e quando possível, com quadro de comprometimento respiratório, febre e/ou diarréia. Foram coletadas amostras de swabs orofaríngeo e anal; para detecção/quantificação do genoma do vírus SARS CoV-2 e amostras de sangue, para avaliação dos parâmetros hematológicos e bioquímicos. A extração do genoma viral foi realizada, utilizando o kit comercial QIAamp®Viral RNA Mini Kit, seguindo as recomendações do fabricante, e posterior realização da técnica de RT-qPCR de acordo com o protocolo padronizado pela OMS.

Resultados e Conclusão

Dos 69 animais investigados, não foram detectados genoma do vírus SARS CoV-2 em nenhuma das 138 amostras analisadas. Quanto aos exames hematológicos e bioquímicos, foram observadas alterações inespecíficas, já que não foi possível detectar o vírus nos indivíduos estudados. No entanto, pela proximidade genética desses animais com humanos, existe a preocupação com a vulnerabilidade, perante a alta possibilidade de spillover de SARS CoV-2 a partir dos humanos, o que poderá dizimar espécimes em zoológicos, criadouros e populações selvagens inteiras, haja visto, que o Brasil é o país com a maior riqueza de primatas no mundo. Outro risco, seria o de atuarem como vetores de duplo sentido, levando o vírus do ambiente antrópico para o silvestre, e trazendo-o de volta, em forma de novas cepas.

Palavras-chave

Primatas-não-humanos; SARS CoV-2.