57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Febre Tifoide: relato de caso com resistência as quinolonas.

Objetivos(s)

Relatar a primeira ocorrência de febre tifoide na região Norte, cursando com apresentação de falha terapêutica e resistência confirmada laboratorialmente as quinolonas na Amazônia Brasileira.

Relato do Caso

Paciente S. A. D., 42 anos, lavradora, procedente e residente em área ribeirinha do município de Piriá no estado do Pará, foi atendida no Instituto Evandro Chagas (IEC), em janeiro de 2017, com relato de 18 dias de febre elevada (39 a 40 graus), diária, manifestada principalmente no período noturno, além de cefaléia, calafrios e mialgias. No início do quadro apresentou diarréia e alguns episódios de vômitos e dores abdominais. O exame físico revelou bom estado geral, mas febril ao toque, com leve hiperemia conjuntival, sem adenomegalia. À ausculta cardiopulmonar apresentou taquicardia. O abdome mostrava-se doloroso à palpação profunda difusamente. Foram realizados exames de hemograma, bioquímica, gota espessa, hemocultura, coprocultura e sorologias para doença de Chagas, toxoplasmose, HIV, Epstein-Barr. O resultado do hemograma se mostrou normal. Com base nisso, a suspeita sobre febre tifoide robusteceu-se e, foi iniciado o tratamento com ciprofloxacina (500 mg de 12 em 12 horas por 10 dias). Uma semana depois a paciente retornou para reavaliação. Os resultados dos exames específicos revelaram hemocultura positiva para Salmonella Typhi, coprocultura negativa, e as demais sorologias negativas. O antibiótico foi mantido e a paciente apresentou febre até o 10° dia de tratamento, embora em menor intensidade. Diante disso o esquema foi estendido por mais uma semana. Como não é comum a persistência da febre por mais de três a quatro dia após o início do tratamento, o isolado foi submetido ao teste de suscetibilidade aos antimicrobianos utilizando sistema automatizado Vitek2. Foi observado sensibilidade ao ciprofloxacino e resistência ao ácido nalidíxico com uma CIM maior que 32 ug/ml. Diante disso, foi testado, por microdiluição em placa, novamente o ciprofloxacino, que apresentou perfil de resistência, com CIM de 16 ug/ml.

Conclusão

Em amostras sensíveis às fluoroquinolonas pelo antibiograma automatizado, a resistência ao ácido nalidíxico pode funcionar como marcador de possível resistência às fluoroquinolonas. Este é o primeiro relato na Amazônia Brasileira e representa grande preocupação para o tratamento da doença, principalmente em áreas endêmicas como a região Norte, reforçando a necessidade de monitoramento contínuo e identificação dos mecanismos de resistência envolvidos.

Área

Eixo 11 | Infecções causadas por bactérias

Autores

Ana Judith Pires Garcia, Yan Corrêa Rodrigues, Mayza Miranda Bezerra, Francisco Lúzio de Paula Ramos, Karla Valeria Batista Lima