57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Caracterização molecular de isolados de Paracoccidioides spp. obtidos de 2015 a 2021 no Laboratório Nacional de Referência em Micoses Sistêmicas – INI/Fiocruz

Introdução

As infecções por fungos têm sido uma grande ameaça nas últimas décadas para a população em geral, causando grande impacto socioeconômico no país devido ao alto custo associado às internações e ao tratamento, além de sérias consequências na saúde do trabalhador. Dentre estas, a paracoccidioidomicose (PCM) é a micose sistêmica mais importante no Brasil, com sequelas incapacitantes em 20-30% dos casos. Por mais de um século pensou-se que a PCM fosse causada por um único agente etiológico, Paracoccidioides brasiliensis. Entretanto, por meio de estudos de concordância genealógica de genomas completos foi proposto que a PCM poderia ser causada por pelo menos cinco espécies: P. brasiliensis sensu stricto (S1), P. americana (PS2), P. restrepiensis (PS3), P. venezuelensis (PS4) e P. lutzii, as quais são distintas geneticamente e poderiam influenciar nos testes de pesquisa de anticorpos contra o fungo, métodos frequentemente utilizados no diagnóstico da PCM. Consequentemente, a identificação molecular de espécies é fundamental para os Laboratórios de Micologia, principalmente aqueles que utilizam detecção de anticorpos em sua rotina laboratorial.

Objetivo(s)

Caracterizar cepas de Paracoccidioides spp. pertencentes à coleção do Laboratório de Micologia do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), reconhecido pelo Ministério da Saúde como Laboratório Nacional de Referência em Micoses Sistêmicas.

Material e Métodos

Quarenta e um isolados armazenados em óleo mineral no período de 2015 a 2021 foram encontrados e 19 recuperados, tendo sido confirmados micologicamente por sua conversão à fase leveduriforme a 35°C em meio de cultura Fava Netto. Realizou-se identificação molecular por meio do sequenciamento parcial do gene codificador do fator de ribosilação do ADP (arf) e do gene codificador da glicoproteína de 43 kDa (gp43) do DNA genômico extraído das cepas recuperadas.

Resultados e Conclusão

Entre os 19 isolados de Paracoccidioides spp. estudados molecularmente, 16 são P. brasiliensis e 3 P. americana, conforme demonstrado por análises filogenéticas. Sendo assim, podemos afirmar que no estado do Rio de Janeiro os casos de PCM podem ser causados por essas duas espécies, chamando a atenção para a elevada frequência de P. americana quando comparada a outros estados brasileiros.

Palavras-chave

Paracoccidioidomicose, identificação molecular, Paracoccidioides brasiliensis, Paracoccidioides americana

Área

Eixo 12 | Infecções causadas por fungos

Autores

Beatriz Motta, Andréa Bernardes-Engemann, Fernando Almeida-Silva, Rodrigo Almeida-Paes, Priscila de Macedo, Rosely Zancopé-Oliveira