Dados do Trabalho

Name: 57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical
Start: 2022-11-13
End: 2022-11-16
Location: Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia

Título

Identificação do Urbanorum spp.: Evidência dos Primeiros Achados no Estado do Pará

Introdução

O Urbanorum spp. é um enteroparasito com aspecto morfológico semelhante a um protozoário, descrito na literatura pela primeira vez em 1994, no Peru e na Colômbia, difundindo-se gradativamente pela América do Sul nos anos posteriores. No Brasil, foi registrado pela primeira vez em 2018, no estado do Maranhão. Este parasito tem estruturas arredondadas, dupla membrana por onde emerge estruturas hialinas que se assemelham a pseudópodes. Contudo, não existem evidências sobre seu ciclo de vida, e há limitações de estudos sobre aspectos clínicos, fisiopatológicos e epidemiológicos acerca deste novo parasito.

Objetivo(s)

O objetivo deste estudo é relatar a evidência científica dos primeiros achados da identificação de Urbanorum spp. em amostras de fezes de pacientes procedentes do estado do Pará, no período de maio de 2021 a maio de 2022.

Material e Métodos

Como parte do protocolo adotado pelo Laboratório de Parasitoses Intestinais e Esquistossomose, amostras de fezes de pacientes oriundos do estado do Pará e encaminhados ao IEC para esclarecimento diagnóstico foram avaliadas pelos métodos parasitológicos direto, sedimentação (Hoffman) e Kato-Katz para a pesquisa de ovos de parasitos nas fezes.

Resultados e Conclusão

No período de 1 ano, foram processadas laboratorialmente 176 amostras de fezes, tendo sido identificada a presença de estruturas semelhantes ao Urbanorum spp. em 10,22% (18/176) amostras. Quanto aos pacientes com resultado sugestivo da presença do Urbanorum spp., 61,1% (11/18) eram do sexo masculino e 38,9% (7/18) do sexo feminino, residentes, principalmente, no município de Ananindeua [33,3% (6/18)] e Belém [27,8% (5/18)]. A média da faixa etária encontrada foi 53 anos, variando de 09 a 76 anos. Destes pacientes, 38,9% (7/18) estavam co-infectados com outros parasitos, sendo o Blastocistis hominis o de maior frequência, com percentual de 33,3% (6/18) dos casos observados. Estes achados recentes da identificação do Urbanorum spp. em exames de fezes de pacientes do estado do Pará sugerem que a circulação desta parasitose, provavelmente, não está mais restrita a determinados estados brasileiros e que a prevalência está aumentando gradativamente no Brasil. Ademais, alertam para a necessidade da realização de outros estudos para esclarecimentos sobre os aspectos fisiopatológicos e elucidação da epidemiologia dessa parasitose, a fim de contribuir com as estratégias de prevenção, controle e políticas públicas no Brasil para o combate deste novo parasito.