57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

COMPARAÇÃO DE FATORES RELACIONADOS À INFECÇÃO LATENTE DA TUBERCULOSE ENTRE CASOS POSITIVOS E NEGATIVOS POR ENSAIOS DE LIBERAÇÃO DE INTERFERON-GAMA EM POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE

Introdução

O Brasil possui a 3ª maior população carcerária do mundo e uma superlotação das unidades prisionais, sendo mister o amplo diagnóstico da infecção latente por tuberculose (ILTB) na população privada de liberdade (PPL).

Objetivo(s)

Comparar o perfil sociodemográfico e epidemiológico de pacientes com ILTB e sem ILTB por ensaios de liberação de interferon-gama (IGRA) em amostra de PPL.

Material e Métodos

Estudo observacional, tipo corte transversal. Foram coletadas amostras de sangue periférico para realização de IGRA, através do QuantiFERON TB GOLD Plus, sendo 989 indivíduos positivos e 625 negativos. As informações sociodemográficas obtidas na entrevista realizada no momento da coleta foram registradas no banco de dados REDCap e analisadas de acordo com o teste estatístico qui-quadrado pelo software R. Critérios de exclusão: antecedentes de infecção por TB ou ter TB ativa.

Resultados e Conclusão

Todas as relações entre casos IGRA positivo e negativo e variáveis sociodemográficas apresentaram valor de p < 0.001. A faixa etária de 31-45 anos (655/1614) mostrou a maior diferença em relação ao IGRA – 66% dos testados positivos e 34% negativos. No que tange à etnia da população estudada, infere-se que entre os 24 indígenas houve maior contraste – 83,3% positivos, indicando perfil de maior vulnerabilidade. Entre os 439 brancos houve a menor desproporção – 56,9% positivos. Quanto aos anos de escolaridade, a maior parcela estudou por até 8 anos (65,7%), sendo a maioria positiva (62,5%). Entre aqueles com histórico de encarceramento prévio, 63,5% eram positivos e 36,5% negativos, diferença maior do que entre os encarcerados pela primeira vez (57,2% e 42,8% respectivamente). Longos períodos de encarceramento aumentam a probabilidade de infecção, o que pode ser inferido ao analisar que 72,4% dos privados de liberdade há mais de 5 anos testaram positivo. O grupo com menor disparidade é composto por encarcerados por até 6 meses – 50,5% negativos e 49,5% positivos. Ademais, identifica-se uma relação crescente entre número de pessoas na mesma cela e porcentagem de casos de ILTB. Em celas com até 10 indivíduos, a distribuição foi igual – 50%. Já nas celas com 41-60 pessoas, 71,8% eram positivos. Por fim, 70,2% dos que compartilhavam cela com caso de TB ativa eram positivos. Entre os que não tiveram esse contato, não houve grande diferença, 49,6% negativos e 50,4% positivos. Isso reforça a necessidade de ampliação dos diagnósticos e tratamento.

Palavras-chave

Infecção latente por tuberculose; interferon-gama; população privada de liberdade.

Área

Eixo 13 | Tuberculose e outras micobactérias

Autores

Vanessa Maruyama Martins, Wanessa da Silva Peres Bezerra, Everton Ferreira Lemos, Mariana Trinidad Ribeiro da Costa Garcia Croda, Jason Andrews, Julio Croda