57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Determinantes Espaciais da Transmissão de Chikungunya no município de Fortaleza em 2022.

Introdução

O CHIKV é um alphavírus de RNA de transmissão vetorial por mosquitos do gênero Aedes. Sua infecção é caracterizada por febre de início abrupto com intensa dor articular, podendo cursar com exantema e comprometimento poliarticular por artrite edematosa. Em cerca de 40% dos casos ocorre a cronificação, ocorrendo artralgia que pode se estender por anos, o que pode ser debilitante e prejudicar a capacidade laboral dos pacientes.
Em 2016 e 2017 a febre chikungunya foi um dos maiores problemas de saúde enfrentados por Fortaleza (Ceará, Brasil), com 61 mil casos apenas em 2017. Posteriormente, após 5 anos de transmissão residual, o município voltou a ter níveis epidêmicos da doença, com avanço de 975% do acumulado de casos até a 18º semana epidemiológica (SE) de 2022 em relação a 2021, com distribuição significativamente heterogênea pela cidade.

Objetivo(s)

Avaliar a distribuição espacial dos casos de Chikungunya na cidade de Fortaleza em 2022.

Material e Métodos

Foram comparados os bairros de Fortaleza com as maiores taxas de incidência nas duas primeiras ondas de 2016 e 2017 e contrapondo-os às de 2022, com o fim de avaliar se houve repetição da prevalência espacial dos bairros ou se ocorreu deslocamento dos clusters para bairros menos atingidos nas duas primeiras epidemias a partir de dados registrados no boletim epidemiológico do ano de 2017 e no de 2022 até a 18º SE.

Resultados e Conclusão

Os bairros da regional V e VI, da zona sul de Fortaleza, foram identificados como os mais atingidos pela Chikungunya em 2022, como Prefeito José Walter, Jardim das Oliveiras e Mondubim, os quais foram proporcionalmente menos atingidos pelas duas primeiras epidemias após a emergência do vírus no município em 2016 e 2017.
Os bairros mais atingidos em 2022 foram aqueles poupados em 2016 e 2017, relacionando-se provavelmente à menor exposição da população residente ao CHIKV, que mesmo durante as epidemias de chikungunya prevaleceram os casos de dengue. É possível que a reemergência da chikungunya nas capitais brasileiras ocorra fundamentalmente em áreas anteriormente menos atingidas. Por esse motivo, a vigilância epidemiológica deve ter especial atenção ao controle vetorial nessas regiões suscetíveis a novas epidemias, com menor incidência em ondas passadas.

Palavras-chave

Febre de Chikungunya; Epidemiologia; Saúde Pública

Área

Eixo 08 | Arboviroses

Autores

Marcos Túlio Monteiro Tavares, Isabela Franco Freire, Rafael Tito Pereira Sobreira, Nicolas Andrade Moreira, Antônio Silva Lima Neto