57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DOS PORTADORES DE CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA EM USO DE DESFIBRILADOR CARDÍACO IMPLANTÁVEL NO ESTADO DO CEARÁ.

Introdução

Objetivo(s)

Descrever as características epidemiológicas dos portadores de cardiopatia chagásica crônica (CCC) com cardiodesfibrilador implantável (CDI) atendidos, operados e acompanhados durante duas décadas (2000 a 2021) em serviço de referência no Estado do Ceará

Material e Métodos

Trata-se de estudo retrospectivo, descritivo, avaliando os dados epidemiológicos dos portadores de CCC em uso de CDI. Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico de CCC, que tiveram CDI implantado entre janeiro de 2000 a dezembro de 2021 e acompanhados regularmente durante todos esses anos. Foi utilizada a ferramenta eletrônica de coleta e gerenciamento de dados REDCap hospedada na Unidade de Pesquisa Clínica do Complexo de Hospitais Universitários da Universidade Federal do Ceará (UFC). As variáveis numéricas foram apresentados em média e desvio-padrão, e em mediana, percentis, mínimo e máximo. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa estatístico R 4.0.3

Resultados e Conclusão

Foram incluídos 115 pacientes, a maioria so sexo masculino (74%). A mediana de idade foi de 57 anos (47-67 anos). Contato com “barbeiro" foi relatado por 79% dos pacientes, sendo que 21% moravam em casa de taipa e 28% já haviam morado em casa de taipa. Transfusão sanguínea foi relatada por 4,3% dos pacientes. Quanto a origem, 73% dos pacientes eram do interior e apenas 27% da capital do estado (Fortaleza). A maioria dos pacientes apresentava baixa escolaridade (22% analfabetos e 56% com primeiro grau incompleto). Em 80% dos pacientes a renda mensal familiar era menor que três salários mínimos. Alcoolismo foi relatado por 4,3% dos pacientes. Insuficiência renal crônica não-dialítica ocorreu em três pacientes. Em 85 pacientes (74%) a indicação do CDI foi por prevenção secundária de morte súbita e 6,1% foram transplantados do coração. Conclusão: Apesar da descoberta da doença de Chagas ter sido feita há mais de cem anos, o perfil epidemiológico do paciente portador dessa patologia pouco mudou, mesmo em pacientes em uso de CDI. No Ceará, esses pacientes continuam com perfil de pouca escolaridade, baixo poder aquisitivo, residindo no interior em moradias precárias. O acesso a CDI como recurso capaz de prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida de portadores de CCC precisa ser garantido pelo SUS.

Palavras-chave

Epidemiologia; Cardiopatia chagasica; Doença de Chagas; Desfibrilador cardíaco

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Francisca Tatiana Pereira Gondim, Eduardo Arrais Rocha, Antonio Brasil Viana Júnior, Davi Sales Pereira Gondim, Vivian da Silva Gomes, Robeto da Justa Pires Neto