57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Interação de fatores ambientais e expansão da leishmaniose visceral na Bacia do Rio Doce

Introdução

A leishmaniose visceral (LV) está em processo de urbanização desde a década de 80 tanto no Brasil como na América do Sul. A identificação de fatores ambientais e antrópicos que possam influenciar a expansão e a distribuição da LV é um desafio para a ecoepidemiologia. A modelagem de nicho ecológico é uma metodologia de análise usada tanto para modelar a dispersão do parasito quanto para a predição futura da distribuição de vetores com base nos registros de ocorrência da doença.

Objetivo(s)

Neste estudo foi avaliada a influência de variáveis ambientais e climáticas na expansão da LV na Bacia do Rio Doce, importante bacia hidrográfica da região sudeste que apresenta casos da doença desde a década de 60.

Material e Métodos

Foram utilizados todos os casos humanos notificados e confirmados laboratorialmente registrados nos municípios da bacia entre os anos de 2001 e 2018; 19 variáveis bioclimáticas e 13 ambientais. Inicialmente foi realizado um processo de amostragem dos casos para diminuir a autocorrelação espacial, posteriormente uma análise de colinearidade utilizando a correlação de Spearmam e o teste Jacknife foi conduzida com as variáveis preditoras.

Resultados e Conclusão

Foram analisados 855 casos e destes 63,2% eram de indivíduos do sexo masculino e 89,1% dos casos foram registrados em ambiente urbano. De acordo com o modelo gerado, as áreas de maior ocorrência da LV são aquelas onde o impacto humano sobre o ambiente é maior, contribuindo com 65% para a distribuição dos casos da doença, associado a fatores ambientais (exposição das vertentes) e climáticos (precipitação do mês mais chuvoso, temperatura máxima do mês mais quente e isotermalidade), de menor contribuição na escala analisada. O modelo de distribuição criado destaca a importância dos fatores antropogênicos para o risco de doença humana e mostra que os fatores climáticos, apesar da sua menor contribuição, também devem ser considerados, visto que o aquecimento global pode aumentar a incidência de doenças transmitidas por vetores. Os cenários futuros não são bons, com áreas adequadas para a doença aumentando significativamente até 2080.

Palavras-chave

LV; fatores antropogénicos e climáticos.

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Josefa Clara Lafuente Monteiro, Alexandre Barbosa Reis, Wendel Coura Vital, Sérvio Pontes Ribeiro