Dados do Trabalho

Título

TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE: CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS E CLÍNICAS DOS CASOS, NO CEARÁ, DE 2017 A 2020

Objetivo(s)

Descrever características sociodemográficas e clínicas dos casos de tuberculose (TB) na população privada de liberdade (PPL), no estado do Ceará

Material e Métodos

Trata-se de estudo descritivo, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) sobre os casos de TB na PPL, no Ceará, de 2017 a 2020. No estudo, foram incluídos todos os casos confirmados de TB na PPL, seleccionados por ano de diagnóstico. Os dados extraídos em DBF foram tabulados no Tabwin. As variáveis de análise do estudo elencadas foram sociodemográficas (sexo, raça/cor, escolaridade, faixa etária), operacionais (tipos de entrada, desfecho) e clínicas (forma clínica).

Resultados e Conclusão

De 2017 a 2020, foram notificados 3.359 casos de TB. Destes, 213 casos ocorreram na PPL. A média da taxa de incidência durante o período de estudo foi de 0,5 por 100 mil habitantes, sendo o ano de 2020 o que apresentou a maior taxa (0,8/100 mil) do período de estudo. O percentual de homens foi de 96% em relação as mulheres 4%. O percentual foi elevado entre indivíduos da raça/cor parda (76,4%). Entre as categorias de escolaridade, com excessão dos ignorados/brancos (32,3%), a predominância foi de 5ª a 8ª série incompleta (20%). O percentual de TB em PPL entre 20 a 34 anos de idade (76,7%) mostrou-se superior a das demais faixas etárias. Entre as variáveis clínicas, a forma de TB mais prevalente foi a pulmonar (86,7%). O tipo de entrada mais comum foi o caso novo (78,7). Casos de recidiva corresponderam a 6,7% do total e de reingresso após o abandono foi de 7,6%. Os casos de transferência contabilizaram 5,8% do total. A taxa de cura com o tratamento foi de 55,8%. Casos de abandono do tratamento corresponderam a 11,5% do total. Os óbitos por TB e por outras causas, somados, equivaleram a 6,2% e o encerramento como TB multirresistente a drogas representou 0,4%. Conclusão: A TB em populações vulneráveis ainda é um problema de saúde pública, visto que o risco de adoecimento é maior do que na população geral. A superlotaçãodo do sistema prisional brasileiro, condições precárias, pouca ventilação e incidência de luz solar representa um elevado risco sanitária. Haja vista a complexidade da temática da TB na PPL e a carência de estudos nessa área, cabe ressaltar que a pesquisa, ao utilizar uma base de dados secundários, torna-se alternativa apropriada, principalmente quando se propõe a identificar as limitações dos sistemas de informações e incentivar sua melhoria.

Palavras-chave

Tuberculose; Prisões; Epidemiologia Descritiva