57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

DOENÇA TROPICAL NEGLIGENCIADA: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DOS ACIDENTES OFÍDICOS NO ESTADO DO PARÁ NO PERÍODO DE 2012 A 2021

Introdução

A Organização Mundial da Saúde(OMS) incluiu na lista de doenças tropicais negligenciadas os acidentes ofídicos, os quais são ocasionados por animais peçonhentos, pois eles afetam, comumente, populações carentes que vivem em áreas rurais, proporcionando abandono, preconceito, problemas de saúde mental e diminuição da qualidade de vida. No Brasil, acidentes por animais peçonhentos representam um sério problema de saúde pública devido à elevada incidência. O estado do Pará apresenta características geoambientais, além de outros fatores, como a dificuldade de acesso à saúde, propiciando elevados índices desse tipo de acidente.

Objetivo(s)

Analisar o perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos no estado do Pará no período de 2012 a 2021.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico com caráter transversal, descritivo, quantitativo e retrospectivo. Os dados foram obtidos do banco de dados secundário do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

Resultados e Conclusão

Entre os anos de 2012 e 2021, foram notificados 50.888 casos de acidentes por serpentes no Pará, sendo o ano de 2020 o que totalizou o maior número de ocorrência com 5454 casos (10,71%). Em relação ao gênero da serpente, predominou os casos envolvendo o Bothrops com 90,22%(45915), seguido por Lanchesis com 3,28%(1671), Crotalus com 0,98%(501), Micrurus com 0,12%(62).Outrossim, ofídios não peçonhentos com 1,24%(632) e foram ignorados ou em branco 4,14%( 2107). No tocante ao tempo decorrido da picada até o atendimento, destacaram- se os acidentados atendidos entre 1-3 horas com 17.272(33,94%). Quanto ao perfil populacional mais acometido pelas serpentes, observou-se 80,34% (40.886) pardos, 80,23% (40.830) homens e 22,99% (11.702) com escolaridade da 1º a 4º série incompleta do ensino fundamental. A faixa etária mais atingida foi a de adultos entre 20 e 59 anos com 62,87% (31994), seguida por jovens de 10 a 19 anos com 20,82% (10598), idosos com mais de 60 anos com 8,20% (4175) e crianças de 0 a 9 anos com 8,07% (4111). Os dados indicam uma elevada prevalência de acidentes com serpentes, configurando ainda um grave problema de saúde no estado do Pará. Esses dados servem de alerta para elaboração de estudos e ações públicas em benefício da população através de medidas eficazes de prevenção e controle aos acidentes ofídicos, sobretudo para populações negligenciadas e de áreas rurais.

Palavras-chave

Serpentes; Notificações; Populações Negligenciadas

Área

Eixo 03 | Acidentes por animais peçonhentos

Autores

Márcia Mayanne Almeida Bezerra, Rafael Hipolito Pires Batista, Max Chaves Mota Junior , Roberto Faria Espinheiro, Ícaro Natan Da Silva Moraes, Débora Evelyn Ferreira Silva, Rossela Damasceno Caldeira