Dados do Trabalho
Título
Análise do perfil clínico e epidemiológico da hanseníase no estado do Pará de 2017-2021
Introdução
Hanseníase é uma doença sistêmica infectocontagiosa crônica causada pelo bacilo intracelular obrigatório Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis. Apresenta múltiplas vias de transmissão (gotículas de saliva, aerossol) com alta infectividade, porém baixa patogenicidade. O Brasil é um dos 8 países com maior número de casos, e o estado do Pará historicamente representa uma quantidade expressiva desse total.
Objetivo(s)
Analisar os indicadores de saúde e perfil clínico epidemiológico da incidência de hanseníase no Pará nos anos de 2017 a 2021.
Material e Métodos
Estudo observacional, transversal, analítico-descritivo e quantitativo baseado nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan. O número de casos, faixa etária, escolaridade, sexo, as classificações operacionais, reações hansênicas e graus de incapacidade foram analisadas durante o período de 2017 a 2021.
Resultados e Conclusão
No período analisado foram notificados 14.706 casos de hanseníase no Pará, a maioria classificada como forma dimorfa (8.208), seguida pela forma virchowiana (2.486), indeterminada (1.769) e a forma tuberculóide (1.326). O sexo masculino compôs 62% (9.216) dos casos e o feminino 37% (5.490). O pico de casos ocorreu em 2019 (3.509), apresentando tendência de queda até 2021. As faixas etárias mais acometidas foram as de 30-39 anos (2.873) e de 40-49 anos (2705), obtendo respectivamente 19,5% e 18,3% do total. O maior número de pacientes possuía escolaridade de ensino fundamental incompleto. A classificação operacional majoritária foi multibacilar, compondo 80% dos casos, sendo importante ressaltar que a baciloscopia foi realizada em 62% dos pacientes, obtendo resultado positivo em 4.672 casos e negativo em 3.797. Foram observados episódios reacionais em 2.112 pacientes, dentre os quais 86% foram não classificados, 10% do tipo 1, 3% do tipo 2, e 1% com ambas reações. Aproximadamente 56% (8.228) dos pacientes apresentaram grau 0 de incapacidade após o diagnóstico, 28% (4.121) grau I e 9% (1.388) grau II.
Os resultados demonstram quantidade expressiva de casos no Pará, com queda em 2021 por subnotificação decorrente da pandemia de COVID-19. Há predominância de casos classificados como forma dimorfa e multibacilar, predominando no sexo masculino na faixa etária adulta. Nota-se a manutenção de um padrão epidemiológico clássico, sendo necessário investimentos em saúde básica que promovam a prevenção e o tratamento efetivo dessa enfermidade que, embora curável, ainda é estigmatizante.
Palavras-chave
Hanseníase; epidemidemiologia
Área
Eixo 13 | Tuberculose e outras micobactérias
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Wanda Maria França Pires, Matheus D Albuquerque Tavares, Laila Gaia Lobo, João Guilherme Pereira Barros, Alexia Braga Reis, Larissa Dacier Lobato Comesanha, Icaro José Araujo de Souza, Rafaella Casanova Ataíde dos Santos , João Vitor Duarte De Souza, Ana Gabrielle Lucena Vieira