Dados do Trabalho

Título

DINÂMICA DA INFECÇÃO POR SARS-COV-2 EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE DOIS GRANDES HOSPITAIS DE CAMPO GRANDE/MS

Introdução

Objetivo(s)

Caracterizar a infecção pelo SARS-CoV-2 em profissionais de saúde de Campo Grande/MS.

Material e Métodos

Estudo observacional quantitativo e prospectivo de maio/2020 a janeiro/2021 com 554 profissionais de dois hospitais públicos de Campo Grande/MS, um referência exclusiva para Covid-19 e outro com 20% dos seus leitos destinados à Covid-19. Realizado acompanhamento a cada 15 dias por seis meses, para entrevista, coleta de swab naso/orofaríngeo para RT-qPCR e coleta de sangue para sorologia, independente de sintomas.

Resultados e Conclusão

A prevalência global de infecção por SARS-CoV-2 foi de 28,52% (158/554, IC95%: 24,9-32,4), sendo 34,98% (113/323, IC95%) no Hospital de referência exclusiva e 19,48% (45/231, IC95%) no outro. Infecção assintomática foi detectada em 34/158 (21,52%) pessoas, entretanto 27/34 (79,41%) manifestaram sintomas nos sete dias seguintes. Observado que 14/158 (8,86%) profissionais não desenvolveram anticorpos IgG. Variáveis estavam independentemente associadas com a positividade pelo RT-qPCR: tosse (ORa=3,16, IC95% 1,33-7,48), mialgia/artralgia (ORa=3,55, IC95% 1.47-8,55), cefaléia (ORa=2,24, IC95% 1,24-4,06), perda de olfato/paladar (ORa=10,52, IC95% 2,49-44,42), febre (ORa=3,30, IC95% 1,31-8,34), sexo masculino (ORa=1,89, IC95% 1,15-3,09), trabalhar no Hospital de referência exclusiva (ORa=2,43, IC95% 1,46-4,05) e ser graduado (ORa=1,84, IC95% 1,08-3,14). A taxa de ataque do Hospital de referência exclusiva foi maior durante todos os meses, com 2,43 (1,46- 4,05) vezes mais chances de apresentarem um resultado detectável. A taxa de afastamento global foi de 42,96% (238/554). A síndrome gripal foi responsável por 73,11% (174/238) dos afastamentos. Internações foram autorrelatadas por 7,40% (41/554) dos profissionais, sendo a Covid-19 responsável por 31,71% (13/41) delas. A média de comprometimento pulmonar dos internados foi de 39%. A mortalidade geral foi de 0,36% (2/554) e a letalidade de 1,27% (2/158). Foram identificadas quatro linhagens do vírus SARS-CoV-2: P.2, B.1.1.28, B.1.1.33 e N.4. Fornecer testagem periódica aos profissionais de saúde assintomáticos foi algo incomum do observado no mundo, principalmente no primeiro ano da pandemia, quando os testes ainda eram escassos e as metodologias caras. Neste estudo foi percebido que os profissionais que atuavam no Hospital de referência exclusiva apresentaram mais chance de se infectar, corroborando para teoria da dupla exposição, laboral e na comunidade.

Palavras-chave

Covid-19; SARS-CoV-2; profissional de saúde; infecção assintomática.

Área

Eixo 09 | COVID-19