Dados do Trabalho

Título

Perfil clínico-epidemiológico de casos de ofidismo atendidos em um hospital de referência em Rondônia, 2010 a 2019

Introdução

Os acidentes ofídicos são uma emergência clínica e um importante problema de Saúde Pública, devido aos potenciais agravos decorrentes do envenenamento ao indivíduo. Na região amazônica, os casos registrados devem-se em maior parte à serpente Bothrops atrox (família Viperidae) e os trabalhadores rurais são os mais afetados devido à relação direta com o habitat desses animais.

Objetivo(s)

Analisar o perfil clínico-epidemiológico de pacientes atendidos e notificados por acidente ofídico em Porto Velho, Rondônia, de 2010 a 2019.

Material e Métodos

Nesta pesquisa foram utilizados dados secundários e de domínio público, disponíveis por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, do Ministério da Saúde. Foram utilizadas variáveis sociodemográficas, epidemiológicas e clínicas da Ficha de Notificação de Acidentes por Animais Peçonhentos. Os dados foram organizados na plataforma do Excel 2016 e tabulados em ferramentas de estatística descritiva.

Resultados e Conclusão

Em dez anos do estudo, foram notificados 1363 acidentes ofídicos. Houve predomínio de ocorrência no primeiro semestre (57,4%), coincidindo com a estação chuvosa. Observou-se maior acometimento no sexo masculino (72,3%) e em adultos jovens (55,7%), com nível de instrução fundamental incompleto (61,6%). Cerca de 60% dos casos ocorreram em zona rural, mas a maioria dos pacientes (67,2%) conseguiu receber atendimento médico nas primeiras seis horas após o acidente. Os acidentes pelo gênero botrópico representaram 89,5% do total, e 54,1% apresentaram a classificação leve. Os locais mais afetados foram os membros inferiores (71,3%), e o sintoma mais comum foi dor (85,3%), seguido de edema (64,2%).
Este trabalho demonstra que em Rondônia, nos meses de maior pluviosidade do início do ano, o trabalhador rural tem maior risco de sofrer um acidente ofídico. Recomendações para uso de botas e perneiras, especialmente para esse grupo nesse período, contribuiriam para a redução dos mesmos. Mais de 30% dos casos não conseguiram ser atendidos antes de seis horas do acidente, e mais de 40% foram classificados como moderados ou graves. Campanhas de divulgação com orientações sobre o tema e educação continuada das equipes de assistência podem levar a atendimento mais oportuno, minimizando eventuais sequelas. Assim, esta pesquisa traz informações que podem auxiliar a embasar medidas de prevenção e controle, no sentido de diminuir o impacto do acidente ofídico como problema de Saúde Pública.

Palavras-chave

Ofidismo; Epidemiologia; Rondônia.