Dados do Trabalho

Título

Óleo de Caryocar villosum promove alterações morfológicas e no ciclo celular de promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis

Introdução

As leishmanioses são doenças negligenciadas causadas por protozoários do gênero Leishmania. Apresentam tratamento eficaz, porém limitado, o que torna necessária a busca por tratamentos alternativos. Estudos com substâncias de origem natural, potencialmente menos tóxicas para a célula e seletivas ao protozoário, vêm sendo desenvolvidas. O fruto de Caryocar villosum, utilizado na culinária amazônica e na medicina tradicional, possui importantes propriedades farmacológicas como: anti-inflamatória, antioxidante, antitumoral e cicatrizante.

Objetivo(s)

Avaliar a ação do óleo obtido do fruto de C. villosum (OCV) sobre a ultraestrutura de promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis e seu ciclo celular.

Material e Métodos

Para analisar a ação do OCV sobre a morfologia das formas promastigotas foram processados por microscopia eletrônica de varredura (MEV), as células foram fixadas, desidratadas em etanol graduado, levadas ao ponto crítico, revestidas com ouro e examinadas ao microscópio MIRA 3 TESCAN. Também foram analisadas por microscopia eletrônica de transmissão (TEM), as células foram fixadas, desidratadas em acetona graduada, embebidas em resina epon e examinadas em microscópio Zeiss 906E. Finalmente foi avaliado o ciclo celular do protozoário por citometria de fluxo após o tratamento com OCV.

Resultados e Conclusão

Diferentes técnicas de microscopia são utilizadas para identificar possíveis alterações morfológicas que podem ajudar a elucidar o mecanismo de ação de substancias e seus possíveis alvos terapêuticos. A análise por MEV das promastigotas de L. (L.) amazonensis mostrou alterações após o tratamento com 100 μg/mL do OCV por 72 h no corpo celular do protozoário, o que pode indicar que o óleo está interferindo no metabolismo e desenvolvimento do parasita. Na análise por MET, foi evidenciado promastigotas com presença de mais de um núcleo com membrana irregular, fragmentação de DNA sugestivo de alteração no ciclo celular do parasito. Considerando esse resultado, foi avaliado o ciclo celular do protozoário por citometria de fluxo após o tratamento com OCV, encontrando que a substância está alterando o ciclo celular do protozoário, induzindo parada na fase G0/G1 e S, fases ensecais durante o processo de divisão celular da célula. Esses resultados permitem sugerir que o OCV pode ser considerado um composto natural com possível ação leishmanicida contra o protozoário L. (L.) amazonensis.

Palavras-chave

Caryocar villosum, Piquiá, Doença, leishmanicida.