Dados do Trabalho

Título

MORBIMORTALIDADE POR COVID-19 ENTRE INDÍGENAS DO ESTADO DE RORAIMA, EXTREMO NORTE DO BRASIL

Objetivo(s)

O estudo tem o objetivo de descrever a morbidade e a mortalidade por Covid-19 entre os indígenas do estado de Roraima.

Material e Métodos

Estudo descrito sobre o número de casos e de óbitos por Covid-19 entre os indígenas residentes do estado de Roraima no período de 2020 a 4 de abril de 2022. Os dados foram extraídos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) estadual, e-SUS Notifica e do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) do LACEN/RR. A análise estatística descritiva em números absolutos e percentual foi realizada por meio do programa Excel.

Resultados e Conclusão

Ocorreram 7.048 casos de Covid-19 na população indígena dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) Leste (DSL) e Yanomami (DSY) e representaram 4,5% do total de casos ocorridos no estado (N=155.212). Ocorreram 69,4 (n=4.890) no DSL e 30,6% (n=2.158) no DSY. O número de óbitos registrados no DSEI foi de 136 óbitos, com 83,8% (n=114) ocorrendo no DSL e 16,2% (n= 22) no DSY. Considerando os óbitos na população indígena não aldeada (n=70), o total de óbitos em indígenas foi de 206 óbitos representando 9,6% do total de óbitos ocorridos no estado (N=2.146). Os dados apresentados mostram alta morbidade e sobretudo alta mortalidade por Covid-19 entre os indígenas do estado de Roraima, onde cerca de 10% da população são representados por essa raça, dessa forma revelando a vulnerabilidade dessa população na pandemia. Segundo a Plataforma Covid-19 e os povos indígenas (2022), o acompanhamento da evolução da doença entre as populações indígenas representa um grande desafio. Até o momento, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) computou 70.530 casos e 1.298 óbitos por Covid-19 em indígenas, onde, ao todo foram 162 povos afetados. Em relação a possíveis maneiras de disseminação do vírus nas aldeias situadas em áreas isoladas podem-se aventar as seguintes situações: a contaminação por profissionais de saúde e dos que fazem apoio logístico ao deslocamento dos mesmos - que periodicamente adentram as aldeias, provenientes do centro urbano - , os garimpeiros que praticam o garimpo irregular nas áreas indígenas e indígenas que se contaminaram ao buscar o auxílio emergencial na cidade. Concluímos que a população indígena, assim como a não indígena, foi muito afetada pela pandemia e, embora os números oficiais sejam os utilizados para caracterizar a pandemia entre esta população, eles podem não necessariamente refletir a real extensão da pandemia.

Palavras-chave

População indígena; Covid-19, Estado de Roraima, Morbidade; Mortalidade.