Dados do Trabalho

Título

Eficácia de óleo essencial de laranja doce encapsulado em levedura durante ensaios de semi-campo e de campo

Introdução

O desenvolvimento de novas ferramentas de controle implica uma série de etapas para verificar a sua eficiência e riscos para a população humana e o ambiente. O óleo essencial de laranja doce (Citrus sinensis) é uma substância aprovada para uso na indústria farmacêutica/alimentar, sendo o encapsulamento em levedura normalmente usado para estabilizar o óleo permitindo a sua utilização. No nosso consórcio, este método foi otimizado para a aplicar óleos essenciais no controle vetorial. O óleo de laranja doce encapsulado em levedura (OLE) apresentou alta atividade larvicida (CL50 < 50 mg/L) em estudos prévios.

Objetivo(s)

A verificação da estabilidade e da durabilidade da ação larvicida do OLE em estudos de maior escala com condições controladas de semi-campo com linhagens laboratoriais de mosquito, e em ensaios de campo com múltiplos criadouros larvares em contacto com populações selvagens.

Material e Métodos

No semi-campo foram realizados dois tipos de ensaios com Aedes aegypti – Rockefeller: 1) testes com 10L com OLE 160 mg/L e 280 mg/L; e 2) testes com 1L com/sem reposição de água, com OLE 160 mg/L, OLE 230 mg/L e Bacillus thuringiensis israelenses (Bti) como controle. No ensaio de campo foram utilizados dois tipos de estratégias: 1) testes com 6 ovitrampas por estação (3 com OLE 160 mg/L e 3 com água); e 2) teste com criadouros artificiais (2L, 10L, Pneu) com 4 estações rotativas de 6 criadouros (2 de cada tipo) tratadas alternadamente com OLE 160 mg/L, OLE 230 mg/L, Bti e filtração (ação mecânica).

Resultados e Conclusão

Os ensaios de semi-campo demonstraram que o OLE mantém a sua atividade na concentração máxima testada durante 2 semanas. O Bti apresentou maior estabilidade, mas menor ação larvicida após 48h de tratamento. Nos ensaios de campo, a armadilhas tratadas tiveram menor número de ovos de mosquito no ponto 3 dias do que as não tratadas, mas esse sinal desaparece a partir do dia 6 quando as armadilhas começavam a apresentar larvas de insetos não alvo. Nos criadouros artificiais, o OLE apresenta uma maior mortalidade que o Bti após 48h do tratamento, mas os criadouros são recolonizados em 2 semanas enquanto criadouros com Bti precisaram de pelo menos 3 semanas.
O OLE tem uma grande eficácia para infestações de larvas de criadouros, mas a sua ação de proteção a longo prazo é condicionada pela sua estabilidade e ação de organismos não alvo que se alimentam do OLE.

Palavras-chave

substâncias botânicas, Saccharomyces cerevisiae, mosquito, Aedes aegypti, insetos não-alvo