57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Impacto da pandemia de covid-19 nos registros de mortalidade por doenças de notificação compulsória imediata no Brasil, 2010 a 2020

Introdução

Objetivo(s)

Analisar os óbitos causados por doenças e agravos de notificação compulsória imediata (DNCI) no Brasil antes (2010 a 2019) e durante (2020) a pandemia de covid-19.

Material e Métodos

Estudo descritivo utilizando dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) entre 2010 e 2020. Foram incluídas as 27 DNCI que constam na lista apresentada na Portaria GM/MS Nº 1.102, de 13 de maio de 2022. A busca na base do SIM foi realizada no campo de causa básica do óbito, a partir dos códigos da CID-10 adotados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), utilizando o pacote “microdatasus” para o R.

Resultados e Conclusão

De 2010 a 2020, foram registrados 14.036.080 óbitos no SIM. Destes, 221.861 (1,6%) tiveram como causa básica alguma DNCI, variando de 545 registros em 2010 para 214.192 em 2020. No cenário anterior à pandemia (2010 a 2019), foram registrados 7.669 óbitos por DNCI (ou 3,5% do total). Tais óbitos foram causados principalmente por: dengue (N=3.198; 41,7%), influenza (N=3.083; 40,2%) e febre de chikungunya (N=751; 9,4%). Em 2020, o número de óbitos por DNCI foi de 214.192, dos quais 99,3% (N=212.706) foram causados por covid-19, seguidos por influenza (N=989), dengue (N=392) e febre de chikungunya (N=33). Especificamente sobre os óbitos por influenza, o total variou de 178 em 2010 para 541 em 2019. Em 2020, esse número quase dobrou (N=989). Sem considerar a covid-19, no período de 2010 a 2020, constatou-se que 4.828 (52,7%) dos óbitos ocorreram entre indíviduos do sexo masculino e, dentre as Unidades da Federação, aquelas que mais apresentaram óbitos por DNCI foram: SP (N=1.782), MG (N=995) e GO (N=796). Quanto aos óbitos por covid-19, a maioria (121.641; 57,2%) ocorreu entre indivíduos do sexo masculino e, principalmente, em: SP (N=47.520), RJ (N=31.927) e MG (N=13.445). No período em análise, nenhum óbito registrado teve como causa básica: cólera, febre de Lassa, febre do Nilo Ocidental, poliomielite, paralisia flácida aguda e varíola. CONCLUSÃO: A contribuição das DNCI como causa básica de óbito mudou radicalmente após a introdução da covid-19 no Brasil. Além disso, é possível que o cenário pandêmico também tenha impactado nos registros de óbitos por influenza. Dentre as demais DNCI, as arboviroses destacaram-se como as mais frequentes causas de óbito no país.

Palavras-chave

Notificação de Doenças; Monitoramento Epidemiológico; Sistemas de Informação em Saúde.

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

Augusto Cesar Cardoso-dos-Santos, Fernanda Carolina Medeiros Medeiros, Giovanny Vinícius Araújo França