Dados do Trabalho

Título

ANÁLISE DE FATOR CONDICIONANTE E DETERMINANTE DE SAÚDE EM TEMPOS DE COVID-19: ESTUDO TRANSVERSAL SOBRE ACESSO A SERVIÇOS DE SAÚDE DURANTE A PANDEMIA NO BRASIL (2020-2021)

Introdução

O acesso de pacientes à assistência médica nos serviços de saúde foi impactado pela pandemia de COVID-19, principalmente devido a desproporcional demanda por atendimento e internação devido a quadro clínico associado a esta doença.

Objetivo(s)

Evidenciar quantitativamente o impacto que a pandemia causou sobre o acesso a serviços de saúde no Brasil, acesso este que é fator determinante e condicionante de saúde, como disposto no artigo 3 o da Lei N o 8080 de 19 de setembro de 1990.

Material e Métodos

Neste estudo exploratório, descritivo, analítico, os dados foram coletados através de formulário eletrônico (covid19impactsurvey.org) entre Abril de 2020 e Dezembro de 2021. Após pré-processamento (data cleaning), a amostra foi de n = 41421 cidadãos brasileiros de todas as Regiões, de ambos os sexos, idade ≥ 18 anos, respondentes por demanda espontânea. A análise de dados (frequência absoluta [± intervalo de confiança de 95% de Pearson-Poisson]) foi realizada no programa de computação estatística R (www.r-project.org). Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do CESUPA (Parecer 4052531).

Resultados e Conclusão

No período estudado, a maioria dos respondentes (n = 28986) relata não ter tido quaisquer prejuízo de acesso a serviços de saúde. Entre os que relataram perda, a maioria assinalou acesso prejudicado à consulta médica (n = 2214 [2123,68-2308,16]). Os acessos à dispensação de medicamentos (n = 1295 [1226,36-1367,48]) e à cirurgia eletiva (n = 1247 [1179,68- 1318,16]) foram prejudicados na mesma proporção. O acesso a hemodiálise (n = 13 [6,92- 22,23]) foi menos prejudicado que o acesso a controle de diabetes (n = 258 [227,46- 291,48]), tratamento de câncer (n = 200 [173,24-229,72]), rastreio de câncer (n = 181 [155,59-209,37]), cirurgia de emergência (n = 133 [111,36-157,61]), ambulância (n = 103 [84,07-124,92]) e atendimento psiquiátrico (n = 74 [58,11-92,9]). Em 2021, o acesso a consulta médica (n = 1835 [1752,94-1920,9]) e à dispensação de medicamentos (n = 730 [678,93-784,91]) foi mais prejudicado que em 2020 (consultas médicas: n = 379 [341,81- 419,14]; dispensação de medicamentos: n = 565 [519,3-613,51]). Já o acesso aos outros serviços acima mencionados mostrou-se prejudicado na mesma proporção em ambos os anos.
Diante disso, durante os dois primeiros anos da pandemia de COVID-19, o acesso a serviços de saúde foi prejudicado para muitos cidadãos brasileiros. As causas e consequências desse prejuízo devem ser investigadas por novos estudos.

Palavras-chave

COVID-19, pandemia, determinantes sociais da saúde.