57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Atração olfativa de fêmeas de Lutzomyia longipalpis por diferentes substratos para oviposição: uma resposta evolutiva aos canídeos?

Introdução

Objetivo(s)

Testamos a hipótese de que as fêmeas de Lutzomya longipalpis identificam matéria orgânica relacionada à ambientes com presença continuada de canídeos, e de que imaturos recém eclodidos seriam capazes de escolher entre distintos substratos.

Material e Métodos

Em ambiente parcialmente controlado os seguintes substratos foram testados: cadáver de camundongo fresco e após 10 dias de decomposição, fezes caninas frescas e com 10 dias de decomposição, folhedo e água pura, como controle. Cada material foi triturado e 1 ml foi aplicado em papel de filtro sobre uma superfície de gesso umidificada dentro de um aquário grande telado. Quatro dias após o repasto, fêmeas da colônia do Laboratório de Fisiologia de Insetos Hematófagos/UFMG foram soltas nesse espaço em ensaios de 100, 200, 250, 300 e 500 fêmeas. Foram feitos dois ensaios na estação chuvosa, um na transição, e dois na seca. Foram feitos 16 ensaios com larvas recém eclodidos (entre 60 a 130 larvas) para a escolha dos mesmos substratos.

Resultados e Conclusão

Os ensaios executados na seca tiveram 14 vezes menos oviposição que o ensaio com número similar de fêmeas em fevereiro, evidenciando o efeito da sazonalidade. Fezes frescas e camundongo decomposto tiveram mais oviposição que o controle, sendo esse seguido de folhedo e camundongo fresco, na estação chuvosa. Na estação seca, as oviposições ocorreram mais em camundongo fresco seguido do controle e finalmente camundongo decomposto. A procura pelo controle somou 23% do total. As fezes decompostas foram preteridas e o folhedo variou sazonalmente, sendo a terceira escolha apenas em abril, depois de camundongo e fezes frescos. Larvas não mostraram nenhuma preferência por substratos, mas tiveram muita mobilidade, de cerca de mais de 30 cm por dia. Ensaios mantidos em ambientes com 60-70% de U.R. resultaram nos ovos colabados ou em imaturos ressecados e mortos ao nascer.
Conclusões – As escolhas predominantes por fezes frescas e carcaças em decomposição corroboram nossa hipótese de evolução de L. longipalpis em íntima associação com canídeos selvagens. Em especial esses dois substratos são indicativos de perenidade de grupos de predadores em um local. A atração secundária por folhedo pode ser uma estratégia para oviposição em locais mais úmidos. A umidade do ambiente é a condição abiótica potencialmente mais limitante para essa espécie, sendo que a busca por locais de oviposição com umidade elevada intensifica na estação seca.

Palavras-chave

Leishmaniose visceral, Ecologia de doenças humanas, Insetos Vetores

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Sérvio Pontes Ribeiro, Luccas Malta, Camila Paula Dias, Alexandre Barbosa Reis, Marcos Horácio Pereira, Nelder Figueiredo Gontijo