Dados do Trabalho

Título

DESCRIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE ENVENENAMENTOS OFÍDICOS EM MULHERES DE IDADE FÉRTIL NO ESTADO DO AMAZONAS.

Introdução

Os envenenamentos ofídicos são considerados uma doença tropical negligenciada e afetam, globalmente, milhões de pessoas todos os anos. No Brasil, o estado do Amazonas apresenta elevado número de casos causados por serpentes dos gêneros Bothops, Micrurus, Lachesis, Crotalus e espécies não peçonhentas. Mesmo em menor frequência, mulheres são expostas a acidentes, incluindo gestantes, com maiores riscos a efeitos adversos maternos e perinatais. Apesar das graves consequências, a doença não recebe atenção necessária, diminuindo a qualidade da vigilância epidemiológica desses envenenamentos.

Objetivo(s)

Analisar a qualidade de informações disponíveis em bases de dados acerca dos envenenamentos ofídicos envolvendo mulheres em idade fértil no estado do Amazonas, entre 2007 e 2021.

Material e Métodos

Estudo de coorte-retrospectivo, pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT/HVD), Manaus, sob aprovação do CEP da FMT (CAAE: 52805821.4.0000.5016). Neste, foi realizado um Record Probabilistic Linkage com três bases de dados brasileiros: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

Resultados e Conclusão

A análise sobre a qualidade das bases detectou inconsistências nos dados. De 2007 a 2021, foram identificadas 3.297 mulheres em idade fértil vítimas de envenenamentos ofídicos no Amazonas. Um total de 14 mulheres com evolução a óbito estavam registradas no SINAN, sendo 1 gestante. Dessas, 7 não estão presentes no SIM. Nove óbitos de mulheres no SIM foram associados a envenenamento ofídico, com 1 notificação de cura no SINAN e outra com campo vazio. No SINAN, 182 mulheres em idade fértil estavam registradas como gestantes durante o envenenamento, porém, por meio do nexo causal entre SINAN, SINASC e SIM, foram totalizadas 274, ou seja, 92 casos apresentaram preenchimento inadequado, seja por desconhecimento da gestação ou pela falta de notificação. E ainda, quatro mulheres tiveram óbitos perinatais, sendo apenas 3 registradas no SINASC. Portanto, mesmo em menor frequência, mulheres são gravemente atingidas pelos envenenamentos ofídicos. Além disso, inconsistências de dados sobre casos maternos e perinatais podem tornar as bases de dados fragilizadas, resultando em informações imprecisas e em uma vigilância epidemiológica negligenciada.

Palavras-chave

Envenenamento ofídico, mulheres em idade fértil, gestantes, SINAN, SIM, SINASC.