57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Análise espaço-temporal da leishmaniose tegumentar no Brasil entre 2001 e 2020

Introdução

A leishmaniose tegumentar (LT) é a forma clínica mais comum das leishmanioses. No Brasil, a doença é um importante problema em nível de saúde pública.

Objetivo(s)

O presente estudo analisa aspectos espaciais e temporais dos casos de LT notificados pelo “Sistema de Informação de Agravos de Notificação” no Brasil, nos primeiros 20 anos do século XXI.

Material e Métodos

Após a limpeza, organização e harmonização dos bancos, os dados foram analisados por meio do Indicador local de associação espacial (LISA), da Estatística de varredura espaço-temporal e de Modelos de Joinpoint e Aditivos generalizados.

Resultados e Conclusão

Foram notificados 431.885 casos no período estudado, com uma taxa de incidência global de 226,41 casos por 100.000 habitantes. A maior taxa ocorreu na região Norte, principalmente no estado do Acre. As regiões Sudeste e Sul apresentaram as menores incidências. As taxas de incidência tiveram tendência de queda em todas as regiões brasileiras. Porém, na região Sudeste estas vêm aumentando desde 2014. Houve concentração de casos em algumas áreas do território brasileiro, com relativa estabilidade na distribuição espacial dos riscos. As áreas prioritárias, identificadas por meio do LISA, concentraram-se predominantemente na região Norte e nos estados de Mato Grosso e Maranhão. Outros estados (Minas Gerais, Bahia, Ceará, Piauí, Paraná e São Paulo) também tiveram municípios classificados como prioritários. A única área de risco relativo elevado nos últimos anos localizou-se no estado de Minas Gerais. As idades dos pacientes foram menores nas regiões Norte e Nordeste, e todas as regiões tiveram tendência de aumento nas idades médias. Houve predomínio da forma cutânea da doença em todo o país. As proporções de notificações da forma mucosa foram ligeiramente maiores nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Também houve predomínio de casos em indivíduos do sexo masculino, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. A proporção de sujeitos tratados com Anfotericina B foi maior na região Sudeste. O percentual de casos com confirmação laboratorial foi menor na região Nordeste. Embora as taxas de incidência de LTA tenham apresentado tendência consistente de queda, as áreas com taxas crescentes nos últimos períodos demonstram a necessidade de monitoramento contínuo da doença no território brasileiro. Os resultados apresentados são úteis para o direcionamento de ações de prevenção, vigilância e controle e para o aprimoramento de estratégias diagnósticas e terapêuticas.

Palavras-chave

Leishmaniose tegumentar; epidemiologia

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Vinícius Silva Belo, David Soeiro Barbosa, Fábio Raphael Pascoti Bruhn, Daniel Cardoso Portela Câmara, Taynãna César Simões, Lia Puppim Buzanovsky, Saulo Nascimento de Melo, Diogo Tavares Cardoso, Lucas Edel Donato, Ana Nilce Silveira Maia-Elkhoury, Guilherme Loureiro Werneck