57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Raiva humana transmitida por morcegos: surtos ocorridos no Pará no século XXI

Introdução

A raiva humana é uma doença transmitida de animais para humanos, causada pelo vírus da raiva, do gênero Lyssavirus, família Rhabdoviridae. No século XXI ocorreram três surtos de raiva humana no Estado do Pará, nos anos de 2004 (Portel, Viseu), 2005 (Augusto Corrêa, Viseu) e 2018 (Melgaço), vitimando 49 pessoas.

Objetivo(s)

Analisar o perfil clínico-epidemiológico, a dinâmica temporal e a distribuição espacial dos casos de raiva humana transmitidas por morcegos.

Material e Métodos

A coleta de dados se deu através do banco de dados de raiva humana do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). Foi realizada uma pesquisa quantitativa com o tipo de estudo epidemiológico analítico e retrospectivo.

Resultados e Conclusão

Foram analisados 49 casos confirmados de raiva humana, tendo Portel e Augusto Corrêa com 30,61% dos casos; Viseu 18,37% e Melgaço 20,41%. A faixa etária mais incidente em Portel foi de 1 a 14 anos com 60% dos casos, em Augusto Corrêa foi de 80% na mesma faixa etária, já em Viseu apresentou 67% dos casos entre 1 e 24 anos e em Melgaço 90% foram entre 1 a 14 anos. A menor média de tempo entre a data dos primeiros sintomas e a data da notificação foi em Melgaço com 8 dias e a média entre a data de internação e data dos primeiros sintomas dos casos foi de apenas 2 dias em Viseu. A sobrevida dos pacientes a partir dos primeiros sintomas foi maior em Melgaço com média de 16 dias. Augusto Corrêa apresentou o maior percentual de confirmação laboratorial com 66,67% dos casos residentes no município. A análise de sobrevivência revelou que houve diferença entre o tempo de exposição até o óbito nos municípios onde houveram os surtos (p-value = 0,088) e houve diferenças nas distribuições de sobrevivência nos municípios (p-value = 0,01) para as diferenças de datas de primeiros sintomas e óbito. Houve diferenças nas distribuições de sobrevivência entre os municípios em relação à data de internação e óbito (p-value = 0,000). Houve redução na incidência de raiva humana no período entre 2004 e 2018 predominando casos em menores de idade e na zona rural.
Em conclusão, o acompanhamento dos dados dos sistemas de informação em saúde acompanhado de análises epidemiológicas deveria sinalizar o risco observado nas pessoas e nas áreas onde estão mais vulneráveis bem como deveria haver mais estudos de abordagem ecológica para se dar os reais esclarecimentos dessa dinâmica sobre a raiva transmitidas por morcegos podendo assim evitar novos surtos de raiva humana.

Palavras-chave

raiva
quirópteros
epidemiologia descritiva

Área

Eixo 10 | Outras infecções causadas por vírus

Autores

Jorge Alberto Azevedo Andrade, José Maria dos Santos Coelho Jr. , Martha Elizabeth Brasil da Nóbrega, Haroldo José de Matos