57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Infecção de Triatoma rubrovaria por Trypanosomatidae em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, 2022

Introdução

Em 2006, o Brasil recebeu certificação da OMS pela eliminação da transmissão da doença de Chagas (DC) pelo Triatoma infestans. Entretanto, o risco de transmissão vetorial da doença de Chagas persiste em função da existência de espécies de triatomíneos autóctones com potencial de colonização; da presença de reservatórios e da aproximação das populações humanas a ambientes silvestres. A vigilância baseada na participação comunitária é fundamental para o controle da DC.

Objetivo(s)

- Relatar a infecção por Trypanosomatidae em dois exemplares de Triatoma rubrovaria capturados eu Uruguaiana – RS.
- Descrever as atividades de vigilância e controle do vetor realizadas nesse caso.

Material e Métodos

Uruguaiana, situado no Rio Grande do Sul, fronteira com a Argentina, possui 10 Postos de Informação de Triatomíneos (PITs) na área rural do município e um na Secretaria de Saúde (SMS). Os PITs recebem insetos trazidos pela população local. Em janeiro de 2022, um morador da área rural de Uruguaiana entregou quatro exemplares de triatomíneo (dois adultos e duas ninfas, vivos) na SMS (PIT 01) para identificação. Os técnicos da Vigilância Ambiental em Saúde realizaram a identificação da espécie e o exame parasitológico das fezes dos triatomíneos pela técnica de compressão abdominal. Busca ativa, borrifação da unidade domiciliar, sorologia dos habitantes da residência e exame parasitológico dos cães do local foram as outras atividades de vigilância e controle realizadas.

Resultados e Conclusão

Os quatro insetos eram da espécie T. rubrovaria, sendo que um dos exemplares adultos resultou infectado por Trypanosomatidae. Na busca ativa, foi capturada, dentro do revestimento da parede da sala da propriedade, uma ninfa de T. rubrovaria, que também resultou infectada por Trypanosomatidae. Os cinco moradores da propriedade resultaram não reagentes para a Doença de Chagas pela técnica de Imunoensaio quimioluminescente de micropartículas. As amostras de sangue dos seis cães da propriedade resultaram negativas para hemoparasitas nos exames hematológicos (Técnica de Woo). O encontro de uma ninfa positiva sugere a possibilidade do ciclo silvestre estar instalado no local. Os resultados desse trabalho confirmam o potencial de adaptação do T. rubrovaria aos ecótopos antrópicos, sua importância epidemiológica como vetor de Trypanosomatideos, bem como ressaltam a extrema importância das atividades de vigilância.

Palavras-chave

Triatoma rubrovaria; Trypanosomatidae; Vigilância

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Laura Ilarraz Massia, Silvia Muller de Moura, Sérgio Silvano Espinosa de Castro, Phellipe Roges Marengo Silva, Felipe Carpes Gindri, Alan Flores da Mota, Gabriela Döwich Pradella, Tiago Gallina, Irina Lubeck, Débora Da Cruz Payão Pellegrini