57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Atividade hematofágica e sazonalidade de Culicoides paraensis (Diptera: Ceratopogonidae) na área urbana de Porto velho, Rondônia

Introdução

Os insetos do gênero Culicoides são conhecidos como maruins, sendo que algumas espécies possuem importância médica e veterinária, como Culicoides paraensis, que é vetor do Vírus Oropouche (OROV) no ciclo urbano. Essa espécie é adaptada às áreas urbanas e periurbanas e possui hábito antropofílico.

Objetivo(s)

Analisar a atividade hematofágica de C. paraensis e avaliar os efeitos microclimáticos e da sazonalidade sobre sua abundância.

Material e Métodos

As capturas dos insetos ocorreram em duas localidades da área urbana de Porto Velho por meio da técnica de Atração Humana no peridomicílio, nos meses de julho, agosto (período seco) e dezembro de 2019 e em janeiro de 2020 (período chuvoso), em três dias consecutivos de cada mês, por um período de 14 horas (06:00h às 20:00h). Para análise do comportamento hematofágico, consideraram-se as estações, meses, horários e fatores meteorológicos (temperatura e umidade relativa do ar), com abordagem de modelos lineares generalizados mistos (GLMM).

Resultados e Conclusão

Foram capturados um total de 6.079 indivíduos, todos correspondentes a fêmeas de C. paraensis, exceto por um macho. Na localidade Juscelino Kubitschek foram capturados 2.725 espécimes (44,8%), enquanto em Nova Esperança foram 3.354 (55,2%). No período de estiagem capturaram-se 1.488 indivíduos (24,5%), e no período chuvoso, 4.591 espécimes (75,5%). Considerando-se o número total de insetos e independente das variáveis, o pico de atividade hematofágica ocorreu entre 16:00h e 18:00h, porém no mês de dezembro observou-se outro pico entre 11:00h e 13:00h. Na estação chuvosa, com maior disponibilidade de umidade no ar e no solo e menor amplitude térmica, houve menos oscilação no número médio de insetos por hora. Todas as variáveis influenciaram significativamente sobre o número médio de maruins, especialmente a estação chuvosa, temperatura entre 30°C e 32°C e umidade relativa do ar entre 75% e 85%, sendo parâmetros preditores para captura massiva da espécie. Os resultados obtidos confirmam que C. paraensis tem atividade diurna e são atraídos por humanos para alimentação sanguínea e sugerem que fatores bióticos e abióticos de microambientes podem influenciar sua abundância e distribuição. A antropofilia e alta abundância destes insetos em áreas urbanas reforçam a necessidade de estudos sobre sua bionomia e investigação molecular para explanar o seu papel como vetores do OROV.

Palavras-chave

Antropofilia; Hematofagia; Maruim; OROV.

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Luiz Henrique Maciel Feitoza, Anne Caroline Alves Meireles, Flávia Geovana Fontineles Rios, Lucas Rosendo da Silva, Genimar Rebouças Julião