57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Qual a importância do monitoramento entomológico para a ocorrência de casos de Leishmaniose Visceral?

Introdução

Em geral, programas de controle de doenças transmitidas por vetores utilizam o registro de ocorrência de casos para posterior identificação da presença do vetor. No caso da leishmaniose visceral (LV) no estado de São Paulo (ESP), o processo se deu inicialmente a partir da identificação de Lutzomyia longipalpis, em 1997, e somente dois anos depois identificou-se a emergência da doença.

Objetivo(s)

Este estudo descreve a evolução temporal desde a identificação do vetor até a ocorrência casos de LV caninos (LVC) e humanos (LVH).

Material e Métodos

Utilizaram-se dados secundários de casos de LVH autóctones no ESP, de 1999 a 2014, obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação/Sinan–SP. Foram considerados a data de início de sintomas e o município de infecção. Os casos caninos de LV autóctones por ano de primeira detecção, bem como o ano da primeira detecção do vetor no município, foram obtidos dos sistemas de informação SISZOO e FLEBWEB da Superintendência de Controle de Endemias-Sucen/SES/SP. Calculou-se a mediana, em anos, entre a identificação do vetor e a ocorrência de casos humanos e caninos e a probabilidade de identificação de casos humanos e caninos após a identificação do vetor, por meio da função de sobrevivência de Kaplan-Meier.

Resultados e Conclusão

Em 165 municípios do ESP houve a identificação do vetor no período estudado. A mediana do tempo entre a identificação do vetor e dos casos caninos foi de 1 ano e em 35% dos municípios vetor e casos caninos foram identificados no mesmo ano. O tempo mediano entre a identificação do caso canino e o caso humano foi de 1 ano e em 34% das situações ambos foram identificados no mesmo ano. O tempo mediano entre a identificação do vetor e a ocorrência de casos humanos foi de 2 anos. A probabilidade de ocorrência de LVH aumenta de 8% no primeiro ano após a identificação do vetor para 17% e 45% no segundo e quinto anos, respectivamente.
Para explicar a transmissão da LV no ESP, a ocorrência de casos não parece ser o mais adequado, já que reflete o passado, mas é consequência de outros elementos que podem determinar sua presença, por exemplo, a adaptação e expansão de Lutzomyia longipalpis pelos municípios paulistas. A evolução da ocorrência do vetor, independente da sua densidade, mostrou relação com a transmissão da LVC e da LVH. O monitoramento entomológico em áreas silenciosas é um indicador de receptividade da doença e deve ser mais valorizado nos Programas de Controle da LV no Brasil.

Palavras-chave

MONITORAMENTO ENTOMOLÓGICO, INDICADOR, LEISHMANIOSE VISCERAL

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

VERA LUCIA FONSECA CAMARGO-NEVES, GUILHERME LOUREIRO WERNECK