Dados do Trabalho

Título

OCORRÊNCIA DE PNEUMOTÓRAX E PNEUMOMEDIASTINO EM PACIENTES COM COVID-19 SEVERA

Introdução

A compreensão das alterações fisiopatológicas da covid-19 foram fundamentais para um melhor manuseio dos pacientes críticos. Fenótipos pulmonares diferentes caracterizados por alteração da complacência pulmonar vem sendo observados em pacientes com insuficiência respiratória aguda por covid-19. Isso é importante, pois a complacência pulmonar norteia os cuidados respiratórios durante a ventilação mecânica invasiva (VMI), onde deve-se utilizar estratégia de ventilação protetora, garantindo a oxigenação, e evitando a lesão pulmonar induzida pelo ventilador (VILI) como o barotrauma, que pode resultar em pneumotórax ou pneumomediastino.

Objetivo(s)

Relatar casos de pneumotórax ou pneumomediastino de uma coorte de pacientes internados por covid-19 no Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), Fortaleza-CE.

Material e Métodos

Estudo tipo série de casos, de pacientes com covid-19 submetidos à ventilação mecânica invasiva, que evoluíram com pneumotórax ou pneumomediastino identificados por métodos radiológicos de imagem, no período de 2020 e 2021.

Resultados e Conclusão

De 198 pacientes submetidos à VMI, foram identificados nove pacientes com VILI, onde cinco apresentaram pneumotórax e quatro pneumomediastino. A idade mediana foi de 57 anos. O sexo masculino foi predominante nesta casuística (n=5/9). Três pacientes apresentavam obesidade, dois pacientes tinham infecção pelo HIV e dois hipertensão arterial sistêmica, um paciente era usuário de drogas ilícitas e ex-tabagista, e um paciente não apresentava comorbidade. A mediana dos níveis de proteína C reativa foi de 166 md/dL. Quanto às características radiológicas na admissão, percebeu -se o padrão vidro fosco em quatro pacientes, e dois com padrão misto (vidro fosco e consolidação). O tempo mediano para o desenvolvimento das complicações do estudo foi de sete dias. Devido o grave comprometimento respiratório, oito pacientes utilizaram bloqueio neuromuscular, com um tempo mediano de cinco dias. A maioria (n=8/9) dos pacientes apresentava baixa complacência e uma alta pressão de distensão pulmonar. Os pacientes com pneumotórax realizaram drenagem torácica, e os pacientes com pneumomediastino foram tratados clinicamente. O tempo mediano de VMI foi de 12 dias, e o de internação foi de 21 dias. Sete pacientes evoluíram para óbito. A ocorrência de pneumotórax e de pneumomediastino em pacientes com covid-19 severa são complicações graves que podem piorar o desfecho dos pacientes.

Palavras-chave

Covid-19; Pneumomediastino; Pneumotórax