57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Flutuações no padrão espaço-temporal dos casos de leishmaniose visceral humana em Natal-RN reduzem a sensibilidade e poder preditivo de um modelo geoestatístico de Risco Relativo-RR pelo SatScan.

Introdução

A leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose parasitária, endêmica em todo Brasil. As ações de vigilância e controle são balizadas pela notificação dos casos humanos recentes em uma determinada região. Ferramentas de análise geoestatística têm sido utilizadas na delimitação de áreas de riscos prioritárias as estratégias de intervenção.

Objetivo(s)

O objetivo desse trabalho foi analisar a dinâmica espaço-temporal dos casos humanos de LV em Natal-RN, avaliando o potencial preditivo dos mapas de risco relativo de diferentes recortes históricos.

Material e Métodos

Foram utilizadas as coordenadas dos casos humanos de LV em Natal entre 2007-2014 (143), 2015-2019 (111) e 2007-2019 (254). Para o cálculo do Risco Relativo–RR foi utilizada a base de informação demográficas e socioeconômica dos 910 setores censitários de Natal (IBGE-2010) e o NDVI -Normalized Difference Vegetation Index, sendo a análise preditiva desses indicadores ajustadas num modelo linear espacial do tipo SAR– Simultaneous Autoregressive. Modelo Discrete Poisson model no SatScan, com a inclusão dos indicadores de predição, buscou High Clusters da LV.

Resultados e Conclusão

O Mapa delta de RR do período 2007-2014, comparado ao de 2015-2019, indicou setores censitários com risco relativo agudo, concentrados na Zona Norte. A análise geoestatística dos casos nos períodos 2007-2014 e 2007-2019 gerou High Clusters no mesmo local, contudo, o modelo com os pontos de 2015 a 2019 não apresentou poder para detecção de High Clusters. O modelo SAR ajustado para o período 2007-2014 mostrou associação significativamente positiva entre o RR da LV com o índice NDVI (β1=8,9693, p=0,0007), o número médio de moradores por domicílio (β1=0,9071; p=0,0081) e a renda domiciliar média do responsável pelo domicílio (β1= -0,00049; p < 0,0001). Já no período 2007-2019, perdeu-se um pouco a preditividade dos dois primeiros indicadores, mas não o do indicador renda (β1=-0.00034; p=0.004517). Em ambos os períodos, nos três modelos ajustados, foi detectada dependência espacial significativa. Já entre 2015-2019, não houve efeito dos três indicadores e nem dependência espacial significativas. Ampliar as séries históricas na geração de modelos geoestatístico da LV poderiam minimizar o viés causado por períodos silenciosos em áreas de elevada vulnerabilidade. Entender os fatores determinantes das mudanças nos padrões espaciais de transmissão e ocorrência de casos de LV é crucial no direcionamento das ações de intervenção e controle.

Palavras-chave

Leishmaniose visceral; Risco relativo; SatScan

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

José Flávio Vidal Coutinho, Reginaldo Lopes Santana, Carlos André do Nascimento Silva, Ádila Lorena Morais Lima, Iraci Duarte de Lima, Diogo Garcia Valadares, Diego Gomes Teixeira, Jan Pierre Martins de Araujo, Romeika Karla dos Reis Lima, José Wilton Queiroz, Selma Maria Bezerra Jeronimo