57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Análise comparativa de acidentes ofídicos no Estado do Pará antes e durante a pandemia do COVID-19

Introdução

No Brasil, as serpentes de importância epidemiológica e médica, capazes de produzir e injetar toxinas em suas vítimas, são as do gênero Bothrops spp. (Jararaca), Crotalus spp. (Cascavel), Lachesis spp. (Surucucu) e Micrurus spp. (Coral verdadeira). Dependendo do gênero do animal, o veneno inoculado pode gerar inflamação local, necrose, hemorragias locais e sistêmicas, atividade coagulante, paralisia motora, dano muscular, entre outros sinais e sintomas. Em acidentes envolvendo ofídios, o reconhecimento da espécie do animal tem valor epidemiológico e clínico para escolha do tratamento correto.

Objetivo(s)

Analisar a prevalência e sazonalidade de acidentes ofídicos antes e durante a pandemia do COVID-19 no Estado do Pará.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico transversal. Os dados desta pesquisa foram obtidos por meio do Sistema Nacional de Notificação e Agravos (SINAN) do Ministério da Saúde, entre janeiro de 2018 a dezembro de 2021. O teste do qui-quadrado foi aplicado para comparação dos dados, sendo calculado o Resíduo Padronizado Ajustado (RPA).

Resultados e Conclusão

Observou-se que o período que precede a pandemia do COVID-19 (2018 e 2019) obteve uma prevalência de casos de 49,21% (n = 10.311) enquanto que durante a pandemia (2020 e 2021; n= 8.974), o resultado foi de 50,65% (n = 10.614). Nota-se também que o ano de 2020 (5.454; 26,03%; p < 0,05; RPA = 3,56) obteve a maior frequência em relação aos anos de 2018 (4.871; 23,24%; RPA = -5,75), 2019 (5.540; 26,44%; RPA = 3,33) e 2021 (5.160; 24,62%; RPA = -1,14). Além disso, o primeiro semestre (janeiro a junho), em todos os anos estudados, alcançou maior concentração de casos (11.978; 57,16%; p < 0,05) comparado ao segundo semestre (8.974; 42,83%; p < 0,05), sendo que houve uma maior prevalência de casos no mês de janeiro (2271; 10,83%; p < 0,05; RPA = 13,12).

Portanto, infere-se que não houve redução no número de casos notificados ao SINAN durante a pandemia do COVID-19, evidenciando que o isolamento social, somente, não foi capaz de amenizar os casos de acidentes ofídicos. Além disso, nota-se que durante o “Inverno Amazônico”, meses mais chuvosos do ano no Norte, houve um aumento no número de casos, com destaque para o mês de janeiro. Assim, os acidentes ofídicos ainda são um agravo para saúde pública no Pará, sendo necessário estratégias mais eficazes a fim de reduzir sua morbimortalidade.

Palavras-chave

Pará, Covid-19, acidentes ofídicos

Área

Eixo 03 | Acidentes por animais peçonhentos

Autores

Marco André Albuquerque da Luz, Marcos Aurélio Vieira da Costa Filho, Felipe Emanuel Roque da Silva, Erick Clayton Gonçalves Feio, Caio Lucas Martins Dourado Gonçalves, Pedro Pereira de Oliveira Pardal