57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Estudo descritivo de pacientes com COVID-19 mecanicamente ventilados durante o primeiro pico epidêmico em Manaus, Brasil.

Introdução

Objetivo(s)

Descrever a evolução de pacientes com Covid-19 sob ventilação mecânica invasiva (VMI) e avaliar se as comorbidades e o uso de VMI não protetora estão associados a piores desfechos.

Material e Métodos

Trata-se de uma coorte prospectiva descritiva de dados secundários coletados no ensaio clínico Metcovid. previamente publicado. Um total de 393 participantes com diagnóstico clínico ou radiológico de Covid-19 no período de 16 de abril a 18 de junho de 2020 foram incluídos em um hospital de referência em Manaus, AM. Os desfechos foram: tempo de VMI, evolução da complacência estática e óbito. A análise foi realizada com todos os participantes que necessitaram de VMI. A amostra foi dividida posteriormente por grupo de acordo com as comorbidades apresentadas na inclusão (sem comorbidade, comorbidades pulmonares (P), comorbidades metabólicas (M), comorbidades metabólicas + pulmonares (M+P)). Foi utilizado o pacote estatístico Stata versão 17.

Resultados e Conclusão

Dos 393 participantes, 174 necessitaram de VMI, sendo 103 ventilados de forma protetiva (Vt 6- 8 ml/Kg pp, Pressão de platô <30 cmH2O e Driving pressure <15cmH2O). Apenas 11 não possuíam comorbidade, 16 não possuíam registros completos acerca da presença de comorbidades, 75 do grupo M (HAS, DM, Obesidade ou doenças cardíacas), 17 do grupo P (fumantes, tuberculose, outras doenças pulmonares) e 55 do grupo M+P. A presença de comorbidades para esta amostra não apresentou maiores chances de evoluir com a necessidade de VMI (M: OR= 1,1, p= 0,77; R: OR= 1,4 p= 0,45; M+R: OR= 2,1, p= 0,07), além disso não houve diferença no tempo até intubação (Log-rank= 1.87, p= 0.60), no tempo de ventilação mecânica (Log-rank= 4.74 p= 0.19) e na evolução da complacência estática (D1: p=0,42, D3= 0,68, D5= 0,58, D7= 0,81, D14= 0,98, D28= 0, 32) entre os grupos com e sem comorbidades. Não se observou maior chance de óbito devido a presença de comorbidades entre os participantes, porém se reforçou que o uso de ventilação mecânica protetora esteve associada a menores chances de óbito (OR 0,10 / p=0,03 / IC95% 0,01 – 0,81). CONCLUSÃO: A presença de comorbidades foi elevada porém não demonstrou estar associada a piores desfechos. A ventilação mecânica protetora está associada a menores chances de óbito e deve ser priorizada com ajustes individualizados de parâmetros ventilatórios na prática clínica.

Palavras-chave

Covid-19, Ventilação mecânica, Comorbidades. Agências financiadoras: CAPES, CNPq, FAPEAM.

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

Camila Miriam Suemi Sato Barros do Amaral, Maria Gabriela Rodrigues, Raissa Soares Freire Andrade, Anna Gabriela Rezende Santos, Andiana Dias, Vanderson Sampaio, Djane Clarys Baía Silva, Guilherme Peixoto Tinoco Areas, Thaís Sant'Anna, Marcus Vinicius Lacerda, Fernando Fonseca Almeida Val