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18/11/2022 08:00:00 2º Fórum de Covid-19 contribui para mitigar os efeitos da pandemia no Brasil
Inserido na programação do 57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, realizado de 13 a 16 de novembro, em Belém, o 2º Fórum de Covid-19 debateu durante três dias, quatro eixos científicos principais relacionados ao controle da doença no Brasil: vigilância, mecanismos de controle e prevenção, manejo clínico e combate à desinformação.
O evento foi coordenado pelos pesquisadores da Fiocruz André Siqueira e Rodrigo Stabeli e teve o objetivo de contribuir na mitigação dos efeitos pandêmicos e da doença, sejam eles em sintomas ocasionados pela infecção ou os impactos gerados no sistema de saúde e na qualidade de vida da população.
Rodrigo Stabeli explicou que os eixos escolhidos para debate têm como origem o aprendizado que tiveram ao longo do combate à pandemia, por se tratar de um vírus novo, causador da maior crise da humanidade contemporânea, ou seja, crise de saúde, crise de economia e de bem-estar social. “Então, o que nós aprendemos é que, cada vez mais, a Vigilância, a preparação e o olhar dos eventos que podem acontecer de forma epidêmica ou pandêmica devem ser privilegiados na saúde assim como a Atenção Básica.
“Se a gente tem uma Atenção Básica forte e uma Vigilância forte integrada a essa atenção, a gente consegue mitigar eventuais surtos que aconteçam em algum território. Enquanto a gente não tiver a capacidade de trabalhar de forma transversal a vigilância, a assistência, a preparação de surtos e também o manejo clínico e o controle de doenças infecciosas, a gente sempre vai ter problemas de enfrentamento a doenças, seja um surto ou epidemia em algum território do país ou mesmo aí uma pandemia mundial”, explicou o especialista.
SUS - O pesquisador lembrou que o Brasil possui um dos maiores serviços de saúde públicos gratuitos presentes em todo o território nacional e foi graças a ele que não houve mais mortes pela covid-19, apesar de não ter havido uma política integrada em nível nacional de combate à pandemia.
Ele ressaltou que o Brasil tem o maior programa nacional de imunização do mundo que, desde a sua criação há 30 anos, fez com que a mortalidade infantil despencasse de 142 por 1.000 nascidos vivos para 14 por mil nascidos vivos. “E isso mostra o quão importante é o PNI e quão desacreditado ele está hoje pelas políticas que não são realizadas do ponto de vista da política pública”, comentou Rodrigo Stabeli.
E se tem uma lição aprendida com a covid-19, conforme Rodrigo Stabeli, é que no Brasil, a saúde precisa caminhar com três eixos importantes: saúde integrando a vigilância, a informação em saúde e a assistência; a comunicação como um pilar importante por conta da facilidade de propagação de notícias mentirosas; e também a economia. “Se a gente não tiver um eixo integrando economia, comunicação e a saúde, a gente sempre terá problemas importantes a serem resolvidos quando uma pandemia entrar em solo nacional. Essa e a grande lição que a covid-19 está nos deixando. Um país doente não produz, não existe saúde se a gente não tem economia. Então, é muito importante que se entenda que saúde não é descolada da realidade do país e precisamos fazer políticas que possam associar a saúde, a economia, a educação e a informação para que a gente possa enfrentar melhor uma próxima pandemia.
Ele acredita que há um desafio muito grande pela frente. “Nós, como somos tropicalistas, temos esses desafios ainda mais de mostrar que as doenças tropicais, as doenças infectocontagiosas são de extrema relevância para saúde não só do Brasil, mas de todo o mundo”.
Conteúdo - O 2º Fórum Covid-19 contou com conferências, mesas-redondas e apresentação de temas livres, que atualizaram os participantes sobre os principais avanços científicos para o entendimento da doença. Pois, de acordo com os coordenadores, “apenas discussões qualificadas sob a luz da ciência é que poderão trazer subsídios e soluções desdobradas em políticas públicas que poderão combater a infecção pelo SARS-Cov-2 e todos os seus desdobramentos”.
Contando com a participação de profissionais de saúde e cientistas de renome nacional e internacional, o Fórum Covid-19 foi mais uma contribuição SBMT para o entendimento da doença e seus mecanismos de controle com vistas a melhor qualidade de vida da população brasileira e fortalecimento do SUS.
Texto: Roberta Vilanova/Belém-PA