57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

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15/11/2022 21:26:25 Rede-TB debate os principais desafios para o controle da tuberculose no Brasil

“Apesar de a tuberculose ser uma doença milenar, ainda há imensos desafios para o seu controle no Brasil”, foi o que disse a enfermeira epidemiologista e presidente do IX Workshop da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (Rede-TB), Ethel Maciel, que é doutora em Saúde Coletiva e membro do Grupo Técnico Assessor da OMS para Tuberculose.

O Workshop começou nesta segunda-feira (14) e integra a programação do Medtrop 2022, que está acontecendo no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém.

Segundo a especialista, os três grandes desafios são ampliar o acesso ao diagnóstico; o acesso a melhores medicamentos que possam propiciar um tratamento mais curto; e políticas de proteção social. “Superar esses desafios vai impactar e diminuir a situação de vulnerabilidade e de pobreza de grande parte das pessoas com tuberculose”, afirmou.

Pois, de acordo com o inquérito nacional de custos catastróficos que Ethel Maciel coordenou, 48%, quer dizer, quase 50% das famílias das pessoas com tuberculose acabam gastando mais de 20% da sua renda durante o tratamento. “E isso acaba empobrecendo as famílias ainda mais”, observou.

“Então, trata-se de um grupo com alta vulnerabilidade social. Tuberculose é uma doença relacionada à pobreza e, por conta do tratamento, essas famílias ficam em condições ainda maior de vulnerabilidade. Por isso ter política de proteção social também é uma garantia de finalização do tratamento com sucesso”, explicou Ethel Maciel. “É claro que ter uma vacina que pudesse oferecer uma proteção maior contra a infecção também seria bastante importante”, observou.

Sobre os impactos da pandemia de covid-19 no controle da tuberculose, Ethel Maciel disse que houve uma diminuição de diagnóstico em função da queda na procura pelos serviços de saúde. “E a consequência disso é que os casos estão chegando muito mais graves e com muito mais demora para o fechamento do diagnóstico. O que vai fazer com que a gente tenha num médio prazo um aumento de mortalidade. Então, é bastante preocupante o impacto da pandemia da covid no controle da tuberculose”, disse a epidemiologista.

Sobre os resultados positivos alcançados pela Rede-TB em mais de 20 anos de atuação tem mais de vinte anos de existência, congregando pesquisadores de todo o Brasil, Ethel Maciel disse que possibilitou uma de política de ampliação do estudo da tuberculose no país, conseguiu ligar pesquisadores de áreas diferentes que para contribuir com seus estudos e estudar mais, apesar dos poucos recursos. “Considerando que o recurso para a pesquisa no Brasil é limitado, nossa proposta era unir forças para  fazer pesquisas mais colaborativas, pudessem ter resultados melhores e  fossem mais representativas das diversas regiões do Brasil”, explicou. “Então, a Rede-TB tem muitas conquistas e uma das maiores é formar novas gerações de pesquisadores que continuem a estudar a tuberculose, colocar o tema na pauta e buscar novas soluções”, comemora Ethel Maciel

Ela informou, ainda que a Rede-TB também tem desenvolvido novos testes de diagnóstico, estudo de efetividade de vacinas, criação de centros de ensaios clínicos que possam estudar novas vacinas, novos métodos diagnósticos, novos medicamentos e pesquisas operacionais. “Ao longo desse período, a gente pôde contribuir com a qualificação dos Programas de Tuberculose, formar pessoas e criar ferramentas de gestão dos serviços de tuberculose no Brasil”, relatou.

Por fim, Ethel Maciel, disse que a Rede-TB é uma experiência usada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como caso de sucesso para que outros países possam, a partir dessa experiência do Brasil, fazer e unir pesquisadores em torno de redes, para responder de forma ampliada e mais consistente e com maior precisão às demandas de saúde. “Mas a Rede-TB é uma experiência de sucesso, de agregação de conhecimento e de difusão desse conhecimento”, concluiu.

Texto: Roberta Vilanova/Belém-PA