ChagasLeish 2023
O conceito de Saúde Única inspira a reunião ChagasLeish desde a sua criação, em 1984. Naquela ocasião, um grupo de pesquisadores concebeu a Reunião Anual de Pesquisa Clínica em Doença de Chagas, preocupados em discutir os diferentes aspectos do ecossistema que envolviam a infecção pelo Trypanosoma cruzi: o paciente, os hospedeiros, os vetores e o ambiente, mostrando que, desde sua origem, já se percebia a necessidade de uma abordagem integrada. Em 1997 foi criada a Reunião Anual de Pesquisa Clínica em Leishmanioses, que passou a ocorrer conjuntamente, originando assim o ChagasLeish. Até 2011 as reuniões ocorreram em Uberaba e posteriormente passaram a integrar o MedTrop. Para a reunião deste ano, com apoio das presidências da SBMT e do MedTrop, estamos retomando a proposta original do ChagasLeish. Esta tinha por objetivo integrar o serviço e a pesquisa, numa via de duas mãos, buscando evidências científicas para as tomadas de decisão da assistência e da vigilância, bem como acolhendo os questionamentos do serviço na construção conjunta de protocolos de pesquisa voltados para a solução dos problemas identificados nas áreas de ocorrência destas doenças.
O nosso tema deste ano é “Saúde Única: pensando em pessoas, animais e ecossistemas”, e objetiva nos levar a refletir sobre como estamos abordando o enfrentamento da doença de Chagas e das leishmanioses. Estas doenças envolvem, nas suas cadeias de infecção, insetos vetores e animais vertebrados, e possuem mais de uma via de transmissão, como a vetorial, a oral, a vertical e a transfusional. A abordagem da Saúde Única desempenha um papel fundamental no enfrentamento de doenças tropicais negligenciadas, pois reconhece a estreita relação entre a saúde humana, animal e ambiental. Apesar de ser um conceito bem antigo, a abordagem de Saúde Única vem se tornando cada vez mais necessária, tendo em vista que mais de 60% das doenças que afetam o homem têm origem zoonótica. Além disso, os esforços que temos empreendido não têm sido suficientes para o seu controle ou erradicação. As modificações dos ecossistemas devido a ações antrópicas, as mudanças culturais e os determinantes sociais de pobreza impactam conjuntamente na carga de doenças. Neste sentido, investir na cultura da Saúde Única e pôr em prática as suas ações representam um desafio maior, posto que necessita da articulação de diferentes setores e instituições governamentais e privadas, assim como da sociedade. Temos acompanhado as mudanças no perfil epidemiológico da doença de Chagas, com aumento da transmissão oral, não apenas na região Amazônica, como também em outras partes do país. Em paralelo, outros padrões de transmissão de Leishmanias spp têm sido descritos, indicando que outras vias de aquisição da infecção podem impactar na ocorrência da doença. Adicionalmente, a despeito de todos os esforços da comunidade acadêmica, o percentual de descobertas científicas que se se converteram em ações implementadas no serviço para o controle e redução dos casos de doença ainda é modesto. A boa notícia é que as experiências exitosas em tecnologias sociais vêm se apresentando cada vez mais como um pilar importante no enfrentamento dessas doenças.
Na reunião ChagasLeish deste ano, que ocorrerá de 9 a 13 de setembro, elaboramos uma programação nos moldes das reuniões clássicas ocorridas em Uberaba. Teremos oficinas com participação dos técnicos do Ministério da Saúde, dos Estados e dos Municípios, além de representantes de Movimentos Sociais. Nas sessões de debates, abertas aos congressistas, serão discutidas as ações em curso do Ministério da Saúde, bem como as demandas do serviço que necessitam de investigação científica para implementação de políticas públicas. Teremos miniconferências e mesas redondas, nas quais serão apresentadas as últimas novidades no campo da clínica, do diagnóstico e da relação parasito-vetor-ecossistema associadas à infecção pelo Trypanosoma cruzi e por Leishmania spp, assim como os avanços tecnológicos. Buscando valorizar a participação dos estudantes e jovens pesquisadores e sua interface com os participantes do MedTrop, planejamos diversas sessões de apresentações orais e sessões de discussões de pôsteres que serão visitados por nossos especialistas. Isto proporcionará uma maior divulgação dos trabalhos que estão sendo realizados, sobretudo, pelas novas gerações que estão se dedicando ao estudo da doença de Chagas e das leishmanioses.
“Avisa lá, avisa lá que eu vou”. Aguardamos vocês em Salvador! Axé!
Dra. Alda Maria da Cruz
Coordenadora
COMISSÕES CHAGASLEISH 2023
Comissão Organizadora
Alda Maria da CruzCoordenadoraSVSA/DEDT
Claudia BrodskynIGM/FIOCRUZ-BA
Cristiane Medeiros M CarvalhoDIVEP/BA
Francisco Edilson Ferreira de Lima SVSA/DEDT/MS/DF
Fred Luciano NevesIGM/FIOCRUZ-BA
Lucas CarvalhoUFBA/IGM - BA
Luciana Almeida Silva TeixeiraUFTM/MG
Rosalia Morais TorresCoordenadora doença de ChagasUFMG/MG
Marcia HuebCoordenadora LeishmanioseUFMT/M
Mitermayer Galvão ReisIGM/FIOCRUZPresidente do MEDTROP 2023
Comissão Científica - Doença de Chagas
Rosalia Morais TorresPresidenteUFMG/MG
Alberto Novaes Ramos JúniorUFCE/CE
Ana Yecê das Neves PintoIEC/PA
André Talvane Pedrosa da SilvaUFOP/MG
Andréa Silvestre SouzaINI/Fiocruz/RJ
Ângela Cristina Veríssimo JunqueiraIOC/Fiocruz/RJ
Diogo Henrique Saliba de SouzaUFGO/GO
Girley Francisco Machado de AssisUFJF/MG
Marta de LanaUFOP/MG
Pedro Albajar VinasOMS/OPS
Silvana de Araújo SilvaUFMG/MG
Veruska Maia da CostaDEDT/SVSA/MS
Comissão Científica - Leishmanioses
Marcia HuebPresidenteUFMT/MT
Conceição de Maria PedrozoUFMA/MA
Elza Ferreira NoronhaUnB/DF
Dorcas LamounierUFPI/PI
Glaucia CotaIRR/FIOCRUZ/MG
Gustavo Adolfo Sierra RomeroUnB/DF
Jorge Augusto GuerraUEA/FMT-HVD/AM
José Ângelo LindosoIMTSP/USP/SP
Lucas Edel DonatoSVSA/MS/DF
Luiz Henrique A. GuimarãesUFSB/BA