Dados do Trabalho


Título

Criptococose em câncer: clínica e epidemiologia

Introdução

A criptococose é uma causa bem descrita de infecção oportunista em pessoas vivendo com HIV, mas a incidência em outras populações de pacientes imunossuprimidos é desconhecida. Os primeiros relatos em pacientes com câncer datam de 1920, em pacientes com linfoma de Hodgkin. Séries de casos foram descritas em populações oncológicas, mas fatores de risco, apresentação clínica e progressão da doença não estão bem estabelecidos.

Objetivo (s)

Descrever a epidemiologia, características clínicas e evolução dos casos de infecção por Cryptococcus sp em uma população de pacientes com câncer.

Material e Métodos

Estudo retrospectivo e descritivo no Instituto do Câncer de São Paulo, hospital oncológico adulto, com 499 leitos. São 45 leitos para neoplasias hematológicas e 454 leitos para tumores sólidos. Foram incluídos todos os pacientes com quaisquer culturas clínicas com crescimento do fungo, identificadas a partir do banco de culturas do laboratório de microbiologia do serviço de janeiro de 2016 a agosto de 2022. As variáveis avaliadas foram: idade, sexo, diagnóstico oncológico, local da infecção, tratamento e desfechos

Resultados e Conclusão

Encontramos 31 pacientes com criptococose. Destes, 11 com neoplasias hematológicas. Houve predominância do sexo masculino (72%) na população hematológica. A mortalidade foi maior nos tumores sólidos quando comparada à malignidade hematológica: 30% vs 9% em 30 dias. Após 1 ano, apenas 15% dos pacientes com tumores sólidos estavam vivos, mas 73% dos pacientes com neoplasias hematológicas sobreviveram. A prevalência de infecção pelo HIV até 1 ano antes do diagnóstico de criptococose foi de 20% em pacientes com tumores sólidos e 9% em hematológicos. O local mais comum de infecção para tumores sólidos foi o sistema nervoso central (SNC) com 40% dos casos, enquanto para malignidades hematológicas a apresentação clínica mais comum foi a infecção disseminada em 55% dos casos. O envolvimento pulmonar ocorreu em 18% dos casos hematológicos com apenas 5% nos tumores sólidos. O tratamento de ataque para ambos os grupos foi semelhante. Dados de relatórios anteriores mostram maior mortalidade em pacientes onco-hematológicos. No entanto, em nossa série, observamos que 73% dos pacientes com neoplasias hematológicas sobreviveram em 1 ano e, entre os tumores sólidos, apenas 15% dos pacientes estavam vivos após 1 ano do diagnóstico. Os pacientes hematológicos são monitorizados mais frequentemente devido à gravidade da doença de base e episódios de neutropenia secundários ao tratamento.

Palavras-chave

criptococose; câncer

Área

Eixo 12 | Infecções causadas por fungos

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Adriana Satie Gonçalves Kono Magri, Patricia Rodrigues Bonazzi Pontes, Karim Yaqub Ibrahim, Odeli Nicole Encinas Sejas, Marcello Mihailenko Chaves Magri, Bianca Leal Almeida, Raquel Keiko de Luca Ito, Edson Abdala