Dados do Trabalho

Título

Perfil sociodemográfico e clínico de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos registrados no período de 2015 a 2022 em Fortaleza e Sobral, Ceará

Introdução

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica cuja principal fonte de infecção são indivíduos com alta carga bacilar não tratados. Facilitada pelo convívio próximo e contínuo com indivíduos susceptíveis, os sinais e sintomas surgem em média de 5 anos após o contato. O diagnóstico em menores de 15 anos é um importante indicador de exposição precoce, alta endemicidade, transmissão ativa e gravidade da doença.

Objetivo (s)

Descrever o perfil sociodemográfico e clínico de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos registrados no período de 2015 a 2022 em Fortaleza e Sobral, Ceará.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo transversal que incluiu casos de hanseníase na faixa-etária de 0 a 14 anos diagnosticados entre 2015 a 2022, com notificação e residência no município de Fortaleza e Sobral, Ceará. Os dados foram coletados através do SINAN–ESUS/SVS/MS.

Resultados e Conclusão

Foram diagnosticados 235 casos de hanseníase em menores de 15 anos, sendo 205 (87,2%) em Fortaleza e 30 (12,8%) em Sobral. Em Fortaleza, as maiores taxas de detecção ocorreram nos anos de 2015 (5,84) e 2016 (7,10), sinalizando alta endemicidade. Já em Sobral destacaram-se os anos de 2015 (11,93) e 2019 (19,60) configurando como alta endemicidade. Notou-se o predomínio no sexo masculino, 117 (49,7%) em Fortaleza e 17 (7,2%) em Sobral. Quanto à raça/cor, destacaram-se em Fortaleza 145 (61,7%) pardas, seguido de 22 (9,3%) pessoas brancas, e em Sobral 23 (9,7%) pardas e 5 (2,1%) brancas. Quanto à classificação operacional, 119 (58%) eram paucibacilares (PB) em Fortaleza e em Sobral 16 (53%) eram multibacilares. Em relação à forma clínica, destacou-se em Fortaleza, a tuberculóide com 79 (33,6%) casos, seguida da Dimorfa com 57 (24,2%). Em Sobral, o ano de maior prevalência de casos foi 2019 com a forma clínica Dimorfa com 11 (4,6%) dos casos, seguida da Indeterminada com 9 (3,8%) diagnósticos. Em ambos os municípios, há a maior prevalência no grau 0 de incapacidade física, sendo Fortaleza 175 (74,4%) e Sobral 21 (8,9%). Ainda assim, destaca-se o grau de incapacidade grau I em Fortaleza com 8 (3,4%) e Sobral 4 (1,7%).
Os achados de diagnósticos em crianças com incapacidades físicas, multibacilares e maior prevalência no sexo masculino nas duas cidades cearenses indicam a necessidade de qualificação da busca ativa no território e do uso de estratégias específicas para o enfrentamento da doença.

Palavras-chave

Hanseníase; Epidemiologia; Criança.

Agradecimentos

Netherlands Hanseniasis Relief – Brasil (NHR Brasil), Universidade Federal do Ceará