Dados do Trabalho


Título

Controle da raiva humana: uma abordagem de saúde única no Ceará

Objetivo (s)

Descrever a abordagem de saúde única no controle da raiva humana, ao exemplo dos últimos sete casos no estado do Ceará.

Material e Métodos

Realizou-se estudo descritivo dos casos de raiva humana no estado do Ceará de janeiro de 2005 a maio de 2023. Descreveu-se as medidas de vigilância e prevenção de todos os casos diagnosticados nos últimos 18 anos com interface na saúde única. Utilizou-se dados secundários do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Resultados e Conclusão

De 2005 a 2023*, foram confirmados sete óbitos no Ceará. Os animais agressores foram saguis 71,4%, morcego (1; 14,3%) e cães (1; 14,3%). A maioria das vítimas eram homens (6; 85,7%); de 9 a 11 anos (2; 28,5%), 16 anos (1; 14,3%) e 26 a 37 anos (4; 57,1%). Agricultores (57,1%;4) e estudantes 42,8%. Vítimas de mordedura localizadas na mão ou pulso (5; 71,4%), face (1; 14,3%) e tornozelo (1; 14,3%). Em 85,7% dos casos não houve procura por assistência, apenas um paciente buscou atendimento, sem realização de tratamento profilático. Foi identificado animal positivo em apenas 3 (42,8%) dos sete municípios nos últimos cinco anos, anterior aos casos. O IDH dos municípios variou de 0,58 a 0,65. As pessoas acometidas viviam isoladas e eram desfavorecidas socialmente. Foram realizadas ações de prevenção e controle como: busca ativa e profilaxia das pessoas expostas, orientações sobre o ciclo silvestre da doença, vacinação/observação de cães e gatos e recolhimento de animais silvestres das residências. As famílias foram orientadas em não se aproximar, alimentar ou retirar os animais silvestres da natureza enfatizando o risco de transmissão da doença por saguis, de possível desequilíbrio ecológico e foi dado ênfase ao bem-estar dos animais. Os dados evidenciam a necessidade de uma abordagem integrada para o controle da raiva humana e animal, e de uma conscientização sobre o risco de transmissão da doença. A ausência de registro de positividade nos animais na maioria dos municípios pode sugerir um alerta quanto a necessidade de envio de amostras animais e monitoramento viral. Estratégias relacionadas à saúde única tornam-se importantes para compreensão e implementação de medidas de vigilância exitosas. Tanto os animais, quanto seres humanos e o ambiente devem receber uma atenção unificadora, multisetorial, conectada para que se alcance a promoção da saúde coletiva integralizada.

Palavras-chave

Raiva; saúde única; epidemiologia descritiva

Área

Eixo 10 | Outras infecções causadas por vírus

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Naylê Francelino Holanda Duarte, Katariny Michelle de Araújo Pinheiro de Araújo Pinheiro Tavares, Francisco Bergson Pinheiro Moura, Bruna Holanda Duarte, Anna Karolinne Morais e Araújo, Carlos Henrique Alencar, Jorg Heukelbach