Dados do Trabalho

Título

REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER EM PACIENTE COM SÍNDROME DE WEIL NO ESTADO DO MATO GROSSO: UM RELATO DE CASO

Objetivos(s)

Relatar o caso de paciente com síndrome de Weil e manifestando a reação de Jarisch-Herxheimer.

Relato do Caso

Paciente masculino, 17 anos, sem comorbidades, natural do Acre, história de mudança recente para Mato Grosso e banho em praia de água doce. Cerca de 2 semanas depois, iniciou quadro de astenia, febre, mialgia em membros inferiores, náuseas e vômitos, progredindo após 5 dias com icterícia e anúria. À admissão, apresentava-se anúrico há 2 dias, com elevação de escórias nitrogenadas, de enzimas hepáticas e dos níveis de bilirrubina, realizada internação em unidade de terapia intensiva. Iniciada hemodiálise e antibioticoterapia empírica com ceftriaxona para cobertura de leptospirose e doxiciclina para hipótese de febre maculosa, em 24 horas evoluiu com piora dos sintomas constitucionais, instabilidade hemodinâmica, rebaixamento do nível de consciência e episódio convulsivo, com necessidade de intubação orotraqueal, platô de febre difícil controle e uso de drogas vasoativas. Posteriormente, apresentou episódio de sangramento em mucosa oral e ocular, e petéquias em corpo. Resultado de sorologia confirmado para leptospirose por 2 métodos o IgM reagente e o MAT, colhidas com o intervalo de 10 dias, diagnosticado com Síndrome de Weil. Realizada avaliação neurológica e tomografia de crânio sem alterações, sendo piora clínica atribuída a provável reação de Jarisch-Herxheimer. Apresentou boa resposta à terapêutica instituída, obtendo melhora gradual de icterícia, parâmetros ventilatórios e função renal, com recuperação e alta 25 dias após a admissão.

Conclusão

A reação de Jarisch-Herxheimer (RJH) é um fenômeno autolimitado que pode ser precipitado pelo início da terapia antimicrobiana em infecções por espiroquetas, relacionado à liberação de citocinas pela eliminação das bactérias na circulação. Geralmente ocorre aumento da temperatura, agravamento de erupções cutâneas e sintomas sistêmicos. Com menor frequência, podem ocorrer manifestações graves, como meningite, insuficiência hepática, alterações do nível de consciência e convulsões. Na literatura, existem poucas publicações descrevendo a ocorrência de RJH na leptospirose e a prevalência da reação na doença é desconhecida. Dessa forma, é fundamental o conhecimento desse efeito adverso, para o adequado monitoramento dos pacientes após o início do tratamento e estabelecimento de medidas de suporte.

Agradecimentos

Agradecimento a todo o corpo clinico, equipe do laboratório e equipe de assistência gerais que compõe o Hospital Universitário Julio Muller