Dados do Trabalho


Título

Classificação da gravidade clínica em acidentes botrópicos: Desafios para padronização do tratamento

Introdução

O Amazonas é um dos estados brasileiros com maior incidência de acidentes botrópicos do país. Essa alta incidência nos remete ao manejo adequado da classificação de gravidade clínica dos acidentes, o qual determina a quantidade de frasco-ampola de antiveneno a ser administrado. Nesse contexto, o Guia de Manejo de Envenenamentos Ofídicos Saving foi organizado a fim de instruir os profissionais de saúde e facilitar a compreensão acerca das diretrizes do Ministério da Saúde (MS) sobre a classificação clínica dos acidentes botrópicos.

Objetivo (s)

Comparar as classificações clínicas dos acidentes botrópicos notificados em um hospital de referência no Amazonas com as recomendações do Guia Saving/MS.

Material e Métodos

Foi realizado um estudo transversal descritivo no qual foram coletadas informações de vítimas de acidentes botrópicos atendidas entre 2019 e 2020. Os acidentes foram avaliados como leve, moderado e grave seguindo as diretrizes do MS descrita no guia Saving.

Resultados e Conclusão

Foram analisados 112 prontuários, sendo observada uma discordância na classificação clínica em 60,7% (68/112) dos casos. Dos casos previamente classificados como graves, 13,2% (9/68) destes foram reavaliados como moderados, e 11,7% (8/68) como leves. Enquanto casos atendidos como moderados, 35,2% (24/68) destes foram reavaliados como leves, e 14,7% (10/68) como graves. Ainda, dos casos classificados como leves, 5,8% (4/68) destes foram reavaliados como moderados. Em relação a administração de antiveneno, de acordo com a classificação inicial do caso, houve superdosagem com o uso adicional de 4-6 frascos-ampola em 36,2% (21/58) e 19,4% (7/36) de casos leves e moderados, respectivamente; e ainda superdosagem de >7 frascos-ampola em 13,7% (8/58) dos casos classificados como leves. Quanto a subdosagem, foi detectada a administração de frasco-ampola menor que o recomendado em 40% (8/20) dos casos graves e 5,5% (2/36) dos casos moderados. Durante a análise da administração de antiveneno, foram observadas reações de hipersensibilidade do tipo I em 91% (21/23) dos casos de superdosagem, em comparação a 20% de tais reações (23/115) quando avaliados no total. Os dados obtidos indicam a necessidade de revisão das informações de tratamento, sugerindo maior treinamento nos serviços de saúde para consequente padronização na classificação clínica de acidentes botrópicos.

Palavras-chave

Acidente ofídico, Bothrops, envenenamento, Guia Saving, classificação de gravidade.

Agradecimentos

FAPEAM, CAPES, CNPQ

Área

Eixo 03 | Acidentes por animais peçonhentos

Categoria

Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Doutorado

Autores

Caroline Coelho Ferreira, Lisele Maria Brasileiro Martins, Sofia Angiole Cavalcante, Thiago Serrão Pinto, Alexandre Vilhena Silva Neto, Thaís Pinto Nascimento, Marco Aurelio Sartim, Wuelton Marcelo Monteiro, Jacqueline Almeida Gonçalves Sachett, Priscila Ferreira Aquino