Dados do Trabalho


Título

Aspectos demográficos e diagnósticos relacionados aos casos de leishmaniose visceral na região Centro-Oeste brasileira: Um estudo descritivo

Introdução

A região Centro-Oeste do Brasil é uma área endêmica importante para a leishmaniose visceral (LV) que carece de estudos concernentes à ocorrência da doença. Nas unidades federativas (UF’s) da região, já foi demonstrada a circulação predominante de populações geneticamente distintas de Leishmania infantum. No entanto, pouco se sabe se estas divergências guardam relação com as características observadas nos casos.

Objetivo (s)

Este trabalho objetivou descrever as características demográficas e laboratoriais dos casos de LV na região Centro-Oeste e compará-las entre as quatro UF’s que a compõe.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo retrospectivo que considerou todos os casos de LV, notificados no período 2001-2020, em residentes da região Centro-Oeste. Os dados demográficos e laboratoriais foram extraídos do Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação. A distribuição das frequências das variáveis foi descrita para toda a região e por UF. O teste de qui-quadrado foi empregado para verificar a existência de diferenças na distribuição por UF.

Resultados e Conclusão

No período 2021-2020 foram notificados 4987 casos de LV na região Centro-Oeste, dos quais 395 evoluíram para óbito. A LV predominou no sexo masculino (64,5%) e em residentes da zona urbana (91,3%). Em relação à idade, indivíduos de 0-4 anos (29,3%) foram mais acometidos, seguidos pela faixa etária 20-39 anos (22,9%) e 40-59 anos (21,1%). Pardos/pretos/indígenas representaram a maioria dos casos (64,8%). Considerando os maiores de 18 anos, observou-se que a LV foi mais frequente em indivíduos com baixa escolaridade, dado que 64,5% dos pacientes concluíram no máximo sete anos de estudo. Quanto ao diagnóstico laboratorial, 75,6% e 82,1% dos casos testados foram positivos no exame parasitológico e na reação de imunofluorescência indireta (RIFI), respectivamente. As seguintes variáveis apresentaram diferenças na distribuição das frequências segundo as UF’s: faixa etária (p<0,001), raça/cor (p<0,001), diagnóstico parasitológico (p<0,001) e diagnóstico imunológico (p=0,035). Os dados sugerem que o padrão geral de ocorrência da LV no Centro-Oeste é semelhante ao de outras regiões brasileiras. Contudo, parecem existir algumas diferenças em aspectos demográficos e diagnósticos dos casos entre as UF’s que compõe a região. Futuros estudos devem ser realizados para verificar detalhadamente se há relação entre tais divergências e as populações distintas de L. infantum que circulam na área.

Palavras-chave

Calazar; Epidemiologia; Brasil.

Área

Eixo 06 | Protozooses

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Daniel Vitor Costa Silva, Amanda Gabriela Carvalho, João Gabriel Guimarães Luz