Dados do Trabalho

Título

Vigilância ativa de doenças fúngicas oportunísticas em pacientes com AIDS e imunossupressão grave

Introdução

Pacientes com imunodepressão pelo HIV são mais susceptíveis a doenças fúngicas, tais como criptococose (CRC), histoplasmose (HC) e pneumocistose pulmonar (PCP), com elevadas incidências e letalidade, enquanto outras micoses, como a paracoccidioidomicose (PCM) e a aspergilose pulmonar crônica (APC) têm sido menos relatadas nesses pacientes.

Objetivo (s)

Investigar a prevalência dessas doenças fúngicas em pacientes com AIDS em um hospital de referência na região Centro-Oeste do Brasil.

Material e Métodos

Estudo prospectivo que incluiu pacientes com 18 anos ou mais, AIDS e contagem de células CD4+≤ 200 células/mm3, atendidos entre janeiro de 2022 a abril de 2023. Investigação sistemática de CRC, HC, PCP, PCM e APC foi realizada com avaliação clínica e, na dependência da indicação médica, com: i) exames microbiológicos de diferentes amostras; ii) tomografia de tórax, crânio e abdômen; e, iii) exame histopatológico. Os seguintes testes foram realizados: i) pesquisa de antígeno de Cryptococcus em soro e de Histoplasma em urina, por lateral flow assay (LFA); ii) pesquisa de anticorpos anti- Histoplasma capsulatum (imunodifusão dupla e imunoblot), anti-Paracoccidioides brasiliensis (imunodifusão dupla) e anti-Aspergillus fumigatus (imunodifusão dupla e ELISA) em soro; iii) pesquisa de DNA de Histoplasma por qPCR e nested PCR no sangue. Pacientes dos quais foi possível obter escarro, testes moleculares de detecção de DNA de Histoplasma, Cryptococcus e Pneumocystis jirovecci na plataforma multiplex foram realizados. Os dados foram registrados no REDCap.

Resultados e Conclusão

Dos 146 pacientes incluídos, 69,2% eram homens e a mediana de idade foi de 42 anos (de 21 a 70 anos). Tinham contagem mediana de CD4+ de 58 células/mm3 (de 1 a 198). A mediana de tempo de diagnóstico de HIV foi de 55 meses (de 0 a 398 meses). Entre os 146 incluídos, 22 (15,1%) foram diagnosticados com pelo menos uma das infecções fúngicas investigadas. As prevalências foram: CRC (n=9; 6,2%), HC (n=7; 4,7%), APC (n=2; 1,4%) e PCP (n=2; 1,4%). Um paciente apresentou ambas, PCP e APC; e um outro, CRC e HC. Nenhum caso de PCM foi diagnosticado. Dos 22 pacientes, 4 (18,2%) morreram, 3 com CRC (taxa de letalidade de 33,3%) e um com HC (taxa de letalidade de 14,3%). Esses resultados reforçam a necessidade de vigilância contínua de doenças fúngicas em pacientes com AIDS e imunossupressão grave, com diferentes métodos diagnósticos para que com o tratamento oportuno haja redução da morbimortalidade.

Palavras-chave

Infecções Fúngicas Invasivas. Epidemiologia. AIDS.