Dados do Trabalho


Título

Papel coadjuvante da Bacillus Calmette-Guérin (BCG) na eficácia da vacinação contra a Covid-19 – avaliação da produção de anticorpos neutralizantes anti-SARS-CoV-2 por ensaio clínico randomizado controlado

Introdução

A BCG estimula a produção de citocinas pró-inflamatórias, notadamente IL-1β, por mononucleares (imunidade treinada), podendo ajudar a proteger, além da tuberculose grave, de infecções inespecíficas, inclusive respiratórias. Estudos ecológicos e modelagens questionaram um possível papel protetor na Covid19.

Objetivo (s)

Avaliamos se a BCG teria papel coadjuvante na eficácia das vacinas anti-Covid19, por um ensaio clínico randomizado comparando placebo x BCG quanto à resposta de anticorpos neutralizantes (AcN) anti-SARS-CoV2 antes e após a 1ª e 2ª doses vacinais.

Material e Métodos

Adultos voluntários de Juiz de Fora-MG(264), Belém-PA(99) e Manaus-AM(195) nunca infectados nem vacinados contra a Covid19 foram submetidos a: D0_alocação randômica no grupo placebo(G1) ou BCG(G2), entrevista e pesquisa de anticorpos IgG totais, AcN e citocinas pró-inflamatórias-CPI (IL-1β, IFN, IL-6, IL-10, TNF-α); D60_entrevista e pesquisa pareada ao D0 de CPI; DV (pré-1a dose), P1 (pós-1a dose) e P2 (pós-2a dose)_entrevista e pesquisa de IgG total e AcN; Se Sintomas_seguimento clínico remoto. Os grupos foram comparados quanto à produção de citocinas no D60 em relação ao D0, presença e intensidade da resposta de AcN pós 1ª e 2ª doses da vacina anti- SARS-CoV2, evolução clínica de infectados e efeitos adversos da BCG.

Resultados e Conclusão

558 voluntários foram recrutados em mai-jun21:273 do G1 e 285 do G2. Houve maiores níveis médios de IL-1β e maior frequência de IFN no D60 em relação ao D0 no G2 e não no G1.A frequência de AcN em níveis protetores foi significativamente maior no P1 e no P2 que no D0, mas sem diferença entre os grupos. Em nenhum dos grupos houve diferença significante entre a frequência de AcN no P1 versus P2. Quanto à intensidade da resposta, os grupos também não diferiram no percentual médio de neutralização no P1(G1=61.4±31.4% e G2=61.2±30.9%;p=0.952) e no P2(G1=90.4±16.3% e G2=89.5±14.5%;p=0.577). Também o quantitativo de AcN foi similar nos grupos após o P1(G1-271.964±277.586 e G2-256.674±261.364;p=0.618) e, no P2, foi ainda mais elevado no G1(567.016±210.607) que no G2 (517.527±225.256(p=0.030).Não houve graves reações adversas à BCG. Conclusão:A BCG foi capaz de provocar imunidade treinada, mas a hipótese de intensificação da resposta de AcN pós 1ª e 2ª doses da vacina anti-Covid19 não se confirmou.Ação coadjuvante da BCG na evolução clínica da Covid19 entre vacinados não se descarta e está em análise.Revacinação de adultos com BCG mostrou-se segura.

Palavras-chave

BCG,SARS-CoV2,Covid19,vacina

Agradecimentos

Inova/Fiocruz, PNI, BioManguinhos

Área

Eixo 09 | COVID-19

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Simone Ladeia-Andrade, Kézia Katiani Gorza Scopel, Sandra Helena Cerrato Tibiriçá , Daniela Chaves Renhe, Igor Cavallini Johansen, Haroldo José de Matos, Heitor Cordeiro Olegário, Heloisa Adriane Castro Baraky, Silvia Rabelo Bezerra, Greicy Kelly Chem Nepomuceno, Maria Jucélia Silva de Freitas