Dados do Trabalho
Título
Interrupção do tratamento de novos casos de tuberculose em Fortaleza no período 2013–2022
Introdução
A tuberculose (TB) persiste com elevada carga de morbimortalidade, mantendo-se como um desafio aos sistemas nacionais de saúde. O estado do Ceará apresenta-se como área prioritária, tendo sua capital, um contexto de alta endemicidade. Esta realidade é agravada pelo abandono ao tratamento, um marcador crítico de falhas de saúde pública.
Objetivo (s)
Caracterizar a frequência de abandono ao tratamento de casos novos de tuberculose no município de Fortaleza, Ceará, de 2013 a 2022.
Material e Métodos
Trata-se de estudo transversal descritivo baseado em dados oficiais de notificação de casos de TB a partir do SINAN, via tabulação (TABWIN-MS). Foram analisados os casos de interrupção de 2013 a 2022, utilizando-se a base com atualização datada de 17/04/2023. Os casos de abandono foram georreferenciados através do Google Earth Pro a partir do endereço informado na notificação. Para a configuração do mapa de densidade utilizou-se o software Quantum QGis 3.26 Buenos Aires.
Resultados e Conclusão
Um total de 15.622 casos novos de TB foi registrado no período analisado, 86,0% da forma clínica pulmonar, 11,5% extrapulmonar, e 2,5% pulmonar + extra-pulmonar. A interrupção do tratamento foi registrada em 2.928 (18,7%) pessoas, principalmente no período pandêmico (covid-19) de 2020 e 2021, com 324 (22,7%) e 313 (21,7%) casos, respectivamente. A média anual de abandono foi de 292,8 casos/ano. O abandono foi identificado com maior frequência em pessoas do sexo masculino (2.021 casos, 69,2%), na faixa etária de 20 a 29 anos de idade. Em 2019 verificou-se o maior percentual de abandono (2,05%) entre pessoas coinfectadas com HIV (407 casos). Os três bairros com os maiores percentuais de abandono foram: Centro (119), Bom Jardim (108) e Jangurussu (89). Os menores percentuais de abandono registrados foram em 2022 e 2016, com 264 (16,1%) e 202 (11,8%), respectivamente.
A frequência de interrupção ao tratamento de novos casos diagnosticados de TB em Fortaleza nos últimos 10 anos foi significativa, superior à meta de 5% estabelecida pela OMS, particularmente no período da pandemia. Destacam-se também os percentuais de abandono entre pessoas que vivem com HIV, e problematiza-se os casos de abandono em Fortaleza estarem persistentemente concentrados em regiões de maior vulnerabilidade social da cidade. Além de melhor compreender as causas da interrupção terapêutica, é importante estabelecer estratégias contextualizadas para a maior adesão do tratamento no SUS.
Palavras-chave
Tuberculose; Adesão do Tratamento; Suspensão de Tratamento; Coinfecção.
Área
Eixo 13 | Tuberculose e Outras Micobactérias
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Rômulo do Nascimento Rocha, Yuri Maia Teixeira, Helena Raquel Nogueira de Oliveira, Luísa Cysne Frota Maia, Geovanni Guimarães Bezerra, Geziel dos Santos de Sousa, Francisca Juelita Gomes, José Antônio Pereira Barreto, Maria Vilma Neves de Lima, Carmem E. Leitão Araújo